O Federal Reserve elevou a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual (p.p.) após reunião na quarta-feira (22), para um intervalo de 4,75% a 5% ao ano. A decisão foi unânime, dando sequência ao ciclo de aperto monetário. Na reunião do último mês de fevereiro, a autoridade monetária já havia reduzido o compasso de alta dos Fed funds, fazendo um primeiro ajuste de 25 pontos base.
No comunicado que acompanha a decisão de aumento da taxa de juro, consta que “Indicadores recentes apontam crescimento modesto do gasto e da produção. Os ganhos de empregos aumentaram nos últimos meses e estão ocorrendo em um ritmo robusto; a taxa de desemprego manteve-se baixa. A inflação continua elevada”.
Ainda informa: “O sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente. Acontecimentos recentes devem resultar em condições de crédito mais restritivas para famílias e empresas e pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação. A extensão desses efeitos é incerta. O Comitê permanece altamente atento aos riscos de inflação”, consta no comunicado do Federal Reserve.
Para o economista do ICL André Campedelli, o comunicado indica que há uma preocupação agora que vai além da inflação. “Houve uma indicação de que o comitê vai analisar, em uma próxima reunião, também a crise do sistema bancário, que está ligada à alta dos juros”, afirmou André. Para ele, uma possível falta de liquidez no sistema bancário pode fazer com que pare esse ciclo de nove altas seguidas nas taxas de juros nos EUA.
Na coletiva de imprensa, Jerome Powell avisou que o Federal Reserve está preparado para fazer novas altas, se necessário
Durante a coletiva de imprensa, após o Comitê de Mercado Aberto (Fomc) subir os juros em 25 pontos-base, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, falou sobre preocupações com a inflação. Disse que os preços permanecem elevados e que o mercado de trabalho segue bastante apertado, ainda que os salários tenham dado sinais de moderação. Ele aponta que o consumo nos Estados Unidos cresceu ao longo do primeiro trimestre deste ano. Porém, reconheceu que a atividade no setor imobiliário segue fraca. Avisou que o Fed está preparado para fazer novas altas, caso seja necessário.
“Se precisarmos subir mais as taxas, subiremos. Faremos o suficiente para baixar a inflação a 2%, mas um pouco dessa restrição deve vir das condições de crédito”, são frases do presidente do Federal Reserve, durante a coletiva.
Segundo Powell, as expectativas de inflação parecem estar bem ancoradas, mas reconheceu que o processo de “desinflação” vai ser turbulento. Ele voltou a dizer que, para reduzir a escalada dos preços, talvez seja necessário um mercado de trabalho mais fraco.
No discurso, Powell tratou a crise dos bancos regionais como casos isolados que ocorreram em poucas instituições financeiras. Ele afirma que os programas do Fed estão atendendo à necessidade de financiamento dessas instituições financeiras. E que há liquidez ampla disponível aos bancos.
“Precisamos entender como o SVB falhou. A velocidade como ele faliu é bem diferente do que vimos no passado”, disse. “É preciso pensar nessas restrições de crédito na nossa próxima reunião”, afirmou Powell.
Redação ICL Economia
Com informações as agências de notícias