Após reunião, governo decide ‘baixar temperatura’ em relação a crise no comando da Petrobras

Em conversa com Lula, ministro de Minas e Energia teria sugerido a Lula quatro pontos para manter Jean Paul Prates à frente da companhia. Entre eles, deixar de "sabotar" o projeto Combustível do Futuro, de autoria de Silveira.
9 de abril de 2024

O futuro do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, segue em aberto, após reunião feita entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros no início da noite de ontem (8). Fernando Haddad, da Fazenda, foi um dos que participou do encontro, do qual saiu sem falar com a imprensa.

O governo teria decidido diminuir a temperatura da crise envolvendo o comando da empresa enquanto busca uma solução para a disputa que envolve o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e Prates.

Segundo informações da Secom (Secretaria de Comunicação Social), a reunião, que estava prevista na agenda oficial, durou cerca de 40 minutos e as discussões sobre a permanência de Prates vão continuar, pois Lula quer pesar os prós e contras da permanência ou não de Prates à frente da companhia. Pesa para a decisão o impacto que a substituição teria no mercado.

O processo de fritura de Prates escalou nos últimos dias, após a entrevista de Silveira ao jornal Folha de S.Paulo, na qual ele explicita os conflitos entre ele e o CEO da petroleira.

Foi ventilado na imprensa nos últimos dias que Lula teria até mesmo escolhido Aloizio Mercadante, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) como possível sucessor de Prates à frente da estatal.

No entanto, Lula teria ligado no domingo (7) para o ministro de Minas e Energia para tratar sobre quais seriam as condições para Prates permanecer no cargo, segundo informações do jornal O Estado de S.Paulo.

De acordo com interlocutores do Palácio do Planalto, Silveira teria sugerido a Lula “quatro mudanças de comportamento” para o dirigente da estatal se comprometer, caso ganhe uma sobrevida no cargo.

Os quatro pontos sugeridos por Silveira a Lula foram os seguintes:

  • Prates ser “menos subserviente ao mercado financeiro”;
  • Prates defender as pautas de interesse do governo Lula no Conselho de Administração da Petrobras (o que, na visão do ministro de Minas e Energia, não acontece);
  • Prates cumprir o plano de investimentos da Petrobras aprovado pelo presidente (para Silveira, a Petrobras “segura” avanços no refino e na oferta de gás e fertilizantes);
  • Prates “deixar de sabotar” a pauta do biocombustível no Congresso (Prates é publicamente contrário ao texto em discussão).

Disputa entre Silveira e presidente da Petrobras envolve o projeto “Combustível do Futuro”

O projeto de lei “Combustível do Futuro”, de autoria de Silveira e do ministro da Casa Civil, Rui Costa, está no centro da disputa envolvendo o ministro de Minas e Energia e Jean Paul Prates.

Hoje, 14% do diesel vendido nas bombas é composto por biodiesel, produzido principalmente com óleo de soja. A lei fixa que o porcentual deverá chegar a 20% até o fim desta década, e a partir de 2031, pode alcançar 25%.

Além disso, o texto reserva outros 3% para o HVO ou diesel verde, que é fabricado a partir de óleos vegetais, como de soja e de palma, além de gorduras animais.

Ou seja, a disputa entre ambos vai além da divergência sobre a distribuição dos dividendos extraordinários da Petrobras.

Conforme reportagem do Estadão, ambos travam uma batalha sobre um mercado que, no ano passado, rendeu R$ 161 bilhões para a petroleira. A proposta é defendida pelo agronegócio, já que a soja é matéria prima do biodiesel.

Contudo, Prates defende que também haja um porcentual mínimo para o diesel coprocessado, produzido pela estatal.

Durante a tramitação do projeto na Câmara, a Petrobras tentou incluir no porcentual reservado ao diesel de origem vegetal, o combustível sintético que só ela produz, chamado de R5, alegando que ele também tem uma parcela renovável. A investida bateu de frente com os interesses do agronegócio e foi brecada pelos votos da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e pela Frente do Biodiesel.

Em dia de reunião, Prates faz série de postagens

Horas antes da reunião para decidir sobre a sua permanência no comando da Petrobras, Prates fez postagens em seu perfil oficial na rede social X (antigo Twitter) sobre o andamento de várias obras da companhia.

Com o título “O trabalho não para”, Prates tenta mostrar em cinco postagens que a estatal não está parada, e que vem seguindo as diretrizes do governo de investir e gerar empregos.

No Gaslub, ex-Comperj, em Itaboraí, no Rio de Janeiro, Prates mostrou que, quando entrar em operação, no segundo semestre deste ano, o volume de gás natural ofertado ao mercado vai crescer 20% em comparação ao volume atual, com o início da operação da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), que terá capacidade para 21 milhões de metros cúbicos diários.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias, Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo

 

 

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