Em decreto, governo preserva Zona Franca de Manaus de corte de IPI. Medida atende decisão do ministro Alexandre de Moraes

Decisão de Moraes impediu Paulo Guedes de efetivar um corte linear de 35% do IPI em todo o Brasil, tirando a vantagem concorrencial dos produtos da região da Zona Franca
25 de agosto de 2022

O governo federal publicou ontem (24) um decreto em que blinda os bens fabricados na Zona Franca de Manaus de redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Assim, o governo tenta, poucos dias antes das eleições, destravar um corte de 35% em aproximadamente 4.000 produtos fabricados em outras regiões do país, com a finalidade de agradar a grande parte do empresariado brasileiro.

Contudo, importante salientar que o governo só fez isso para cumprir decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que impediu o ministro da Economia, Paulo Guedes, de efetivar um corte linear de 35% do IPI em todo o Brasil, tirando a vantagem concorrencial dos produtos produzidos naquela região, deixando-a mais frágil economicamente.

Um dos diferenciais da Zona Franca de Manaus é ter isenção do IPI sobre os bens lá produzidos como forma de compensar os custos adicionais de se fabricar fora dos grandes centros consumidores, além da finalidade de garantir o desenvolvimento local aliado à preservação da maior floresta do planeta.

Entre os itens que ficam fora do corte tributário estão: xarope de refrigerantes, isqueiro, carregador de bateria, lâmina de barbear, caixa registradora, relógio de pulso, caneta esferográfica e máquina de lavar louça.

Segundo o Ministério da Economia, a medida beneficia um total de 170 produtos fabricados na Zona Franca de Manaus, que terão as alíquotas de IPI preservadas.

“Nesse novo decreto, além dos 61 produtos anteriores, a gente adiciona mais 109 produtos. No total, teremos 170 produtos cujas alíquotas ficam no patamar original desde as primeiras reduções em fevereiro deste ano”, detalhou o secretário especial de Produtividade e Competitividade, Alexandre Ywata.

Em decisão favorável à Zona Franca de Manaus, recomposição da alíquota gera renúncia de R$ 164,27 milhões ainda este ano

A recomposição da alíquota vai gerar uma renúncia estimada de R$ 164,27 milhões para este ano; de R$ 715,40 milhões em 2023; e de R$ 761,74 milhões em 2024. Já o impacto fiscal da medida está sendo ainda estimado. “A gente está reonerando a alíquota de mais 109 produtos, com isso, a gente possivelmente vai ter uma redução desse impacto de R$ 15,6 bilhões [total estimado no decreto anterior], um valor menor que a gente ainda está calculando”, disse em entrevista à Folha de S.Paulo.

Este é o quarto decreto consecutivo que trata da redução do IPI, em meio a decisões do STF sobre o tema.

Entre o fim de junho e começo de julho, Paulo Guedes se reuniu com os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes em tentativa de ver liberadas as reduções da alíquota do IPI e do ICMS dos combustíveis por todos os Estados que dependem de decisão da Corte.

Antes da reunião, Moraes havia suspendido o decreto do presidente Jair Bolsonaro, que reduzia em 35% as alíquotas do IPI de produtos produzidos em todo o País, que são concorrentes dos itens fabricados na Zona Franca de Manaus. A suspensão atendia pedido do partido Solidariedade.

Em fevereiro, o governo fez uma redução de 25% no IPI. Em abril, ampliou o corte para 35%. Moraes não permitiu a ampliação para bens produzidos na Zona Franca, atendendo a pedido do partido Solidariedade.

Em resposta à decisão, o governo publicou novo decreto mantendo o IPI reduzido em 35%, mas excluindo 61 produtos fabricados na Zona Franca de Manaus. Mesmo assim, Moraes suspendeu os efeitos da nova medida, sob o argumento de que a medida é inconstitucional.

Guedes está pessoalmente empenhado na questão do IPI, o qual já chamou de “estaca cravada na indústria brasileira”. Com a promessa de que “nós vamos tirar essa estaca”, o ministro já disse a empresários que a política para destravar os investimentos da indústria nacional “veio para ficar”.

Sobre a Zona Franca de Manaus, ele disse que o Ministério da Economia tem uma estratégia que prevê uma transição da política de uso dos créditos do IPI para o de créditos de carbono.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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