O Brasil teve um superávit primário de R$ 3,5 bilhões em fevereiro de 2022, sendo que no governo federal o déficit primário foi de R$ 19,2 bilhões, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central. No acumulado em 12 meses, o governo geral apresentou um superávit de R$ 299 bilhões, referente a 3,38% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto que o resultado fiscal foi de déficit de R$ 123 bilhões, referente a 0,63% do PIB.
Os economistas do ICL, André Campedelli e Deborah Magagna, explicam que, mesmo com um déficit em termos primários, o governo continua com um resultado fiscal consolidado, sem grandes sustos na área, ainda que os relatórios de inflação e análises do setor digam o contrário. “A expansão fiscal ocorrida deve permanecer durante o ano eleitoral. A situação fiscal brasileira se encontra sólida no momento, mas ainda não estamos vivendo um cenário econômico bom no país, ao contrário do que foi prometido. Nem sempre um resultado fiscal bom significa economia boa no geral”, afirmam no boletim “Economia Para Todos”.
O resultado primário, se observado na estrutura entre os entes federativos, foi fruto de um elevado déficit do governo federal, que passou por forte expansão e saiu de um déficit de R$ 91,6 bilhões em setembro de 2021 para R$ 247,7 bilhões em fevereiro de 2022.
Também houve forte aceleração dos gastos das empresas estatais neste começo de ano, que em setembro de 2021 se encontravam em R$ 4,03 bilhões e passaram para R$ 9,15 bilhões em fevereiro.
O maior superávit observado foi dentro do INSS, de R$ 245,5 bilhões no mês de fevereiro. Isso mostra que o governo, em ano eleitoral, está tendo um comportamento expansionista em seus gastos.
Em relação à dívida líquida do setor público, que se encontrava em redução até janeiro deste ano, voltou a se acelerar em fevereiro. O resultado foi reflexo da redução do superávit do Banco Central, que saiu de -5,4% do PIB para -2,8% do PIB.
Mesmo assim, os demais entes federativos tiveram suas dívidas líquidas reduzidas neste ano, com uma dívida de 49,9% do governo federal em relação ao PIB, de 8,7% em relação ao PIB para os governos estaduais e de 0,5% em relação ao PIB das empresas estatais. A melhora da dívida dos governos se deu pelo impacto inflacionário, que aumentou a arrecadação de impostos, enquanto o superávit do Banco Central se reduziu pela redução da taxa de juros, que impactou o fluxo para as reservas internacionais.
Em termos brutos, a dívida pública continuou a recuar e chegou agora a 79,2% do PIB. Quando observada a dívida desta maneira, o impacto inflacionário e a elevação do valor do PIB são mais evidentes, o que explica a queda da dívida, ainda que em termos líquidos tenha apresentado aumento.
Redação ICL Economia
Com informações do Boletim “Economia Para Todos”