Banco Mundial eleva projeção do PIB do Brasil par 2,8% em 2024. Para Haddad, alta da inflação é temporária e garante: ‘juro não faz chover’.

O relatório do Banco Mundial também aponta ser “provável” que o Brasil atinja a meta de inflação neste ano. O centro da meta estipulada pelo CMN é de 3%, podendo oscilar 1,5 ponto percentual para menos (1,5%) e para mais (4,5%).
10 de outubro de 2024

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou ontem (9) a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que acelerou 0,44% em setembro, puxada principalmente pela energia elétrica. Para Haddad, a alta é “temporária” e, portanto, não haveria razões para o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevar a taxa básica de juros, a Selic.

Na avaliação de Haddad, o avanço já esperado do indicador está relacionado a questões climáticas que têm impactado os preços da energia e dos alimentos. O ministro pediu cautela ao Banco Central na definição dos juros básicos, afirmando que “juro não faz chover”, ou seja, não consegue reverter o impacto da estiagem.

“A gente está com essa questão da seca. Você vê o dado de hoje [ontem] do IPCA, ele demonstra claramente que os núcleos estão bem comportados, mas que a seca está afetando dois preços importantes: energia e alimentos. Isso não tem a ver com juro, juro não faz chover”, disse o ministro Haddad a jornalistas.

Haddad afirmou que a alta da inflação em setembro estaria relacionada com um “choque de oferta”, em virtude da seca, que traz pressões inflacionárias momentâneas.

“Mas é temporário, não é uma coisa que vai se estender no tempo. Daqui a pouco a chuva chega, e as coisas voltam ao normal, os preços voltam ao normal. Mas isso tem que ser analisado [pelo Banco Central] com a devida cautela, para não tomar uma decisão equivocada em função de uma questão climática temporária, não é permanente”, acrescentou o ministro da Fazenda.

Em agosto, o indicador ficou negativo, em -0,02%. Portanto, o resultado divulgado ontem veio 0,46 ponto percentual acima do registrado no mês anterior. Em 12 meses até setembro, a inflação somou 4,42%, ou seja, próximo do teto da meta de inflação definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), que é de 4,5%.

O mandatário da Fazenda ainda comentou a aprovação, pelo Senado, da indicação do economista Gabriel Galípolo para presidir o Banco Central a partir de janeiro de 2025. Os jornalistas o questionaram se ele pararia de criticar o BC quando Galípolo assumir de vez a presidência da autarquia.

“A Fazenda e o BC conversam tecnicamente sobre esse tema, e nunca faltou respeito de parte a parte. Eles têm as considerações deles, nós temos as nossas. Mas tudo transcorre como em qualquer lugar do mundo”, acrescentou.

Atualmente, a Selic está em 10,75% ao ano, após o primeiro aumento do terceiro mandato de Lula, de 0,25%, na reunião de setembro.

A próxima reunião do Copom é em novembro e o mercado espera, conforme aponta o Boletim Focus, a mediana dos analistas espera que a taxa encerre o ano em 11,75%. Isso significa que o mercado espera mais duas altas de 0,50 p.p. na Selic.

Banco Mundial eleva projeção do PIB do Brasil e diz ser “provável” que o país atinja a meta de inflação

O Banco Mundial elevou a projeção do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil para 2,8% este ano e 2,2% em 2025. As estimativas são do relatório econômico da América Latina e o Caribe, divulgado ontem.

Em junho, a instituição internacional previa que a economia brasileira cresceria 2% neste ano e 2,2% em 2025.

Caso a projeção do crescimento econômico brasileiro para este ano se confirme, o resultado será abaixo do registrado em 2023, quando o PIB do Brasil cresceu 2,9%, alcançando R$ 10,9 trilhões.

O relatório também aponta ser “provável” que o Brasil atinja a meta de inflação neste ano. O centro da meta estipulada pelo CMN é de 3%, podendo oscilar 1,5 ponto percentual para menos (1,5%) e para mais (4,5%).

Em relação à América Latina e ao Caribe, o banco projeta crescimento de 1,9% em 2024, superando ligeiramente as estimativas anteriores. Para 2025, a previsão é de que a região cresça 2,6%.

Em junho, a projeção era de crescimento de 1,8% em 2024 e de 2,7% em 2025.

Segundo a instituição, a região deve “aproveitar o momento atual”, em que há projeção de mais redução dos juros nos Estados Unidos.

“A região fez progressos na gestão da inflação e na estabilização de seu ambiente macroeconômico. Este é um momento crucial para alavancar essas conquistas a fim de atrair os investimentos necessários para o desenvolvimento sustentável, promover a inovação, construir capital humano, criar mais e melhores empregos”, disse Carlos Felipe Jaramillo, vice-Presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe.

Taxação de “super-ricos”

O economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, William Maloney, comentou a proposta do Brasil para taxar os “super-ricos”. Na avaliação dele, a medida não é suficiente para mobilizar os recursos que a América Latina necessita.

Para Maloney, é necessário aumentar a base de arrecadação de impostos. “Lula e [Emmanuel] Macron falam sobre a tributação dos super-ricos. Essa é a bala de prata? A resposta é mista. Por um lado, essa proposta poderia significar que isso poderia ser suficiente, mas quando observamos na América Latina a quantidade de super-ricos, há muito pouco multimilionários, quando comparado aos Estados Unidos e à Índia”, disse o executivo a jornalistas.

O ministro da Fazenda brasileiro espera que o projeto de taxação de grandes fortunas seja aprovado durante a cúpula do G20 (fórum internaicional que reúne as 19 maiores economias do mundo, mais União Europeia e União Africana), que ocorrerá no final deste ano, no Rio de Janeiro.

Se o Brasil taxasse os super-ricos, em uma faixa entre 1,7% e 3,5%, poderia arrecadar US$ 4,7 bilhões (cerca de R$ 260 bilhões) por ano. O cálculo está em um estudo da Tax Justice Network, que foi inspirado em experiência vigente na Espanha.

No mundo, se fosse adotado o modelo vigente de taxar em 0,5% os ricaços que possuem mais de 25% da riqueza total, a arrecadação anual chegaria a US$ 2,1 trilhões, segundo o mesmo estudo.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

 

 

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