Haddad atribui disparada do dólar a ‘ruídos de comunicação’. Lula diz que não tem que prestar contas a ‘banqueiro’ ou ‘ricaço’

Na avaliação do ministro, o governo "precisa comunicar melhor os resultados econômicos que o país está atingindo".
2 de julho de 2024

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elencou quais seriam, para ele, os motivos que levaram o dólar a subir tanto com relação ao real nos últimos dias. Em conversa com a imprensa ontem à noite (01), logo após a moeda encerrar o dia valendo R$ 5,65, a maior cotação desde janeiro de 2022, Haddad disse que uma das razões para a disparada seriam “ruídos” na comunicação do governo.

“Atribuo [a alta do dólar] a muitos ruídos. Eu já falei isso no Conselhão [reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, na última quinta-feira (27)], precisa comunicar melhor os resultados econômicos que o país está atingindo”, declarou o ministro.

“[O dólar] está alto. Apesar da desvalorização [de outras moedas] ter acontecido no mundo todo, de uma maneira geral, aqui aconteceu maior do que nos nossos pares: Colômbia, Chile, México”, prosseguiu.

Analistas do mercado financeiro atribuem a alta do dólar ao contexto internacional e, também, às declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à política monetária do Banco Central e à necessidade de cortes nas despesas públicas.

Mais cedo ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu entrevista a uma rádio da Bahia, na qual voltou a criticar os juros altos, o Banco Central e o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.

À noite, durante um evento no estado, onde o presidente está para anunciar uma série de investimentos, Lula voltou a fazer críticas corretas ao mercado financeiro, dizendo que não tem que prestar contas a “banqueiro” ou a “ricaço”, mas sim ao povo pobre do país. “Eu não tenho que prestar contas a nenhum ricaço, nem a nenhum banqueiro deste país. Eu tenho que prestar contas ao povo pobre e trabalhador deste país, que a gente precisa que se cuide deles”, afirmou.

Como tem ocorrido no mês de junho, período em que o presidente deu várias entrevistas dentro dessa mesma linha crítica, o mercado financeiro tem usado as falas de Lula como argumento para especular sobre o dólar, fazendo a moeda disparar.

Haddad diz que cotação do dólar vai se estabilizar e cita arrecadação recorde em junho

O mandatário da Fazenda disse ontem, que, apesar da disparada atual, o dólar deve se estabilizar e até mesmo registrar uma queda no valor com relação ao real na medida em que o governo anunciar indicadores econômicos positivos.

“Vai acomodar, porque a hora em que esses processos se desdobrarem, isso tende a reverter, na minha opinião”, pontuou, citando como exemplo de “boa notícia” na economia, a ser anunciada, o aumento da arrecadação em junho.

“Tive hoje mais uma confirmação sobre a arrecadação de junho, que ficou acima do previsto pela Receita Federal. Ou seja, nós estamos no sexto mês de boas notícias na atividade econômica e na arrecadação”, afirmou o ministro, acrescentando que o governo estava apreensivo com os impactos das enchentes no Rio Grande Sul na atividade do país como um todo.

Outra razão atribuída à disparada do dólar, segundo Haddad, seria a expectativa do mercado financeiro sobre o anúncio de medidas de corte de gastos para o Orçamento de 2025.

Haddad se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (3) para tratar de assuntos econômicos – entre eles, o Orçamento.

BC poderia intervir na alta do dólar

Haddad foi questionado por jornalistas sobre o que o governo poderia fazer para conter a alta do dólar, ao que o ministro respondeu que essa é uma atribuição do Banco Central.

“Isso é assunto do Banco Central, e eles lá que sabem quando e como fazer. Então, é um assunto que cabe a eles decidir. Sempre é possível, porque está na governança do Banco Central. Age quando necessário, se necessário, se vai ser necessário ou não. Compete à diretoria do BC julgar”, afirmou.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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