O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, nesta quarta-feira (3), que a diretoria do Banco Central tem autonomia para atuar na decisão de intervir no dólar ou não. Ontem (2), a cotação da moeda norte-americana fechou a R$ 5,66, após bater R$ 5,70 em dia de altos e baixos.
Nesta quarta, a moeda norte-americana operava à tarde com queda de 2%, à espera de reunião que Haddad teria com o presidente Lula no fim do dia.
“A diretoria tem autonomia para atuar quando entender que for conveniente, não existe outra orientação. A minha análise é que o câmbio vai acomodar, diante de tudo que estamos fazendo e entregando”, afirmou Haddad, após o evento de lançamento do Plano Safra para a Agricultura Familiar.
Nesta semana, o ministro já havia dito fala semelhante, em que atribuiu a alta do dólar à “muitos ruídos“. “Eu já falei isso no Conselhão [reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, na última quinta-feira (27)], precisa comunicar melhor os resultados econômicos que o país está atingindo”, declarou o ministro.
No mesmo evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que “responsabilidade fiscal é um compromisso” do governo e que o Executivo “não joga dinheiro fora”.
Em entrevista concedida ontem (2) a uma rádio da Bahia, Lula criticou o que chamou “jogo especulativo” da escalada do dólar.
“Se vocês [produtores rurais] fizerem acontecer, vamos produzir mais, o povo vai comer mais e teremos uma política econômica sem causar sobressaltos a ninguém, que vai fazer o país crescer e continuar fazendo transferência de renda e ao mesmo tempo continuar com responsabilidade. A gente aplica o dinheiro que é necessário, gasta com educação e saúde o que é necessário, mas a gente não joga dinheiro fora. Responsabilidade fiscal não é palavra, é compromisso desse governo desde 2003 e a gente manterá à risca”, frisou.
Dólar em pauta: mercado tem expectativa sobre reunião de Lula com Haddad
A expectativa do mercado nesta quarta-feira é em relação a uma nova reunião que Lula terá com Haddad no fim da tarde de hoje, da qual também participarão o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e as ministras do Planejamento, Simone Tebet, e da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck.
Na entrevista de ontem Lula afirmou: “Obviamente que me preocupa essa subida do dólar, é uma especulação, é um jogo de interesses especulativo contra o real nesse país. E eu tenho conversado com as pessoas sobre o que a gente vai fazer. Estou voltando (para Brasília) e quarta-feira terei uma reunião, porque não é normal o que está acontecendo, não é normal”, disse o presidente em entrevista à rádio Sociedade, de Salvador (BA).
Questionado se o governo vai adotar alguma medida para conter a depreciação do real, Lula afirmou que é necessário tomar alguma atitude, mas não revelou o que seria: “Temos que fazer alguma coisa, mas não posso falar porque estaria alertando meus adversários”.
Na mesma entrevista, Lula criticou a gestão de Roberto Campos Neto à frente do BC, afirmando que o comandante da autoridade monetária tem “viés político”.
“O que não dá é você ter alguém dirigindo o Banco Central com viés político. Definitivamente eu acho que ele tem um viés político. Mas, veja, eu não posso fazer nada. Ele é presidente do BC, tem mandato, foi eleito pelo Senado, tenho que esperar acabar o mandato e indicar alguém”, disse Lula.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias