O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não quis fazer comentários, nesta segunda-feira (23), a respeito do resultado do primeiro turno das eleições argentinas realizadas ontem (22). O mandatário da Fazenda, no entanto, disse que acompanha “com interesse” a disputa eleitoral que colocou o atual ministro da Economia, Sergio Massa, e o candidato de ultradireita, Javier Milei, no segundo turno.
“O Mercosul é muito importante. A Câmara [dos Deputados] acaba de aprovar a entrada da Bolívia no Mercosul. Está no Senado agora. Para nós, é importante consolidar uma integração na região. Integração regional é muito importante para o Brasil”, disse Fernando Haddad.
Sergio Massa é o candidato da coligação governista e, surpreendentemente, terminou na frente no primeiro turno das eleições. O segundo turno acontece em 19 de novembro.
Recentemente, Haddad comentou que estava preocupado com as eleições na Argentina, principalmente porque as pesquisas mostravam a chance de Milei vencê-las no primeiro turno.
“É natural que eu esteja (preocupado). Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. É natural isso. Preocuparia qualquer um… Porque em geral nas relações internacionais você não ideologiza a relação”, disse Haddad em entrevista à agência Reuters.
A preocupação faz sentido. A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil no geral e o maior na região.
Assim que assumiu seu terceiro mandato este ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esmerou-se para retomar as relações entre os dois países, que ficaram estremecidas ao longo do mandato de Jair Bolsonaro.
Resultado das eleições argentinas é crucial para o futuro do Mercosul
Uma das metas do economista ultraliberal Javier Milei é acabar com o Mercosul. Após sair vitorioso nas primárias de agosto, ele afirmou que o Mercosul “deve ser eliminado” e que vai priorizar relações com Estados Unidos e Israel. Ele também é contrário à entrada da Argentina no Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, mas que se abriu à participação de novos membros.
A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil e, como integrante do Mercosul, está participando das negociações para fechar o acordo com a União Europeia, que está travado há uns 20 anos.
Assim como Lula, Haddad afirmou, nesta segunda-feira, que é “integracionista” e que, por isso, pensa em uma América do Sul mais unida em suas negociações com a União Europeia.
“Estamos para negociar um acordo com a União Europeia, e quanto mais integrados nós estivermos, melhor para sentar à mesa com a União Europeia e fazer um bom acordo para a região”, disse. “Então tem implicações muito grandes essa questão da integração. Não é uma coisa isolada. Não é uma coisa ‘cada um cuida de si’. Temos de pensar o todo da região para ver a forma mais adequada de fazer essa região voltar a se desenvolver. Estamos há muitos anos sem desenvolvimento”, concluiu.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do G1