Economistas do ICL explicam por que o Copom não deve aumentar a taxa de juros

Deborah Magagna e André Campedelli lembram que possíveis cortes ou altas na Selic têm efeitos de longo prazo e que, se o Copom subir os juros, vai jogar no "lombo do trabalhador" o controle da inflação.
10 de setembro de 2024

O Brasil registrou deflação em agosto, conforme dados divulgados nesta terça-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e, agora, o mercado começa a avaliar como o resultado será avaliado pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, na definição da taxa de juros (Selic) na reunião que acontece na próxima semana.

A inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), ficou em -0,02% no período, pela primeira vez desde junho de 2023. O resultado foi influenciado pela queda em Habitação (-0,51%), após redução nos preços da energia elétrica residencial (-2,77%), e Alimentação e bebidas (-0,44%), com a segunda queda consecutiva da alimentação no domicílio (-0,73%).

Os economistas e apresentadores do ICL Mercado e Investimentos, Deborah Magagna e André Campedelli, analisaram os dados na edição do programa desta manhã, prospectando como as informações devem se refletir na decisão do Copom.

Conforme o Boletim Focus do BC, divulgado ontem (9), a mediana dos 150 analistas consultados para a publicação prospecta que a Selic termine 2024 em 11,25%. Ou seja, na somatória, a taxa Selic teria um ajuste para cima de 75 pontos-base até o fim do ano. Atualmente, a taxa está em 10,50%

As próximas reuniões do Copom acontecerão em 17 e 18 de setembro, 5 e 6 de novembro e 10 e 11 de dezembro.

Na avaliação de André, subir a taxa básica de juros, que baliza todas as demais taxas do mercado, não faz sentido. “Primeiro ponto: a política monetária tem efeitos que começam a acontecer a partir de seis a nove meses após a sua implementação. Ou seja, é só para o ano que vem que vai ter esse efeito”, disse.

O segundo ponto, segundo ele, é que, como não é possível controlar a inflação de alimentos e energia elétrica devido à equação queimadas e estiagem por todo o país, que devem afetar esses preços lá na frente, então o Copom deve buscar atacar a demanda por serviços.

“Não tem como a gente baixar o preço do arroz? Então a gente tem que baixar o preço do salão de beleza, do encanador, do bar, do cinema, do restaurante. E como a gente faz isso? Fazendo com que as pessoas consumam menos. Ou seja, é no lombo de quem que vai controlar a inflação? É no lombo do trabalhador”, complementou.

A meta de inflação perseguida pelo Copom é de 3% (centro), com intervalo de tolerância de 1,5% (piso) e 4,5% (teto).

Esses percentuais foram definidos pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) neste e no próximo ano.

 

Veja o comentário completo no vídeo abaixo:

Redação ICL Economia
Com informações do ICL Mercado e Investimentos

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