IGP-M cai em abril, mas indica tendência de aumento de preço para consumidor final

Quando há a decomposição do IGP-M, nota-se que o preço subiu para o consumidor final
29 de abril de 2022

Apesar de o índice mensal inflacionário IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentar queda no mês de abril em relação a março, com variação de 1,41%, o consumidor final continua sofrendo com aumento de preço. O IGP-M, conhecido como o índice da inflação do aluguel (porque é geralmente utilizado para atualizar os preços dessa modalidade de gastos das famílias e das empresas), passou de 14,77% em março para 14,66% em abril, indicando processo de desaceleração da inflação medida pelo IGP-M desde meados de 2021. Mas, quando há a decomposição do índice, nota-se que o preço subiu para o consumidor final.

O IGP-M resulta da média ponderada de três índices de preços: o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M). Na prática, em abril, houve a elevação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), o que mostra que a inflação continua se acelerando para o consumidor final e caiu apenas para o produtor.

“É mais um indicativo que demonstra que a variação final do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede oficialmente a inflação, deve vir consideravelmente elevada quando for divulgada”, explicam os economistas do, André Campedelli e Deborah Magagna, responsáveis pelo boletim “Economia para Todos”.

O IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo) teve nova queda, saindo de 2,07% em março para 1,45% em abril. Os demais componentes tiveram alta. O INCC, que mede os preços da construção civil, saiu de 0,73% em março para 0,87% em abril, enquanto o IPC, que mede os preços ao consumidor amplo, alcançou 1,53% em abril ante 0,86% em março. Os dados mostram que a queda observada no índice geral IGP-M foi decorrente da queda no IPA. Porém, novamente o índice ao consumidor teve alta, o que é um fator preocupante pensando no IPCA no Brasil.

Com a alta do valor do IPC no mês de abril, o valor acumulado em 12 meses deste componente voltou a acelerar, saindo de 9,19% para 10,37%. Nos demais itens, houve queda, com o IPA saindo de 16,55% para 16,09% e o INCC em queda de 11,63% para 11,54%. Isto significa que o IGP-M apresentou queda graças ao IPA e o INCC, mas a alta do IPC mostrou que a situação para o consumidor final piorou para o mês de abril.

Alimentos e transportes

Em relação aos grupos que compõem o IPC, as altas foram mais nítidas nos grupos de alimentos e de transportes, em função da elevação do preço internacional das commodities e dos problemas climáticos que estão interferindo nas safras de grãos e bens in natura como tomate cebola, entre outros. A política de precificação da Petrobras, que está elevando consideravelmente o preço dos combustíveis no país, contribui para a subida dos preços.

A alta dos alimentos, neste mês no IPC, foi de 1,82%, enquanto para o grupo transportes, a alta foi de 2,94%. Estas duas fontes de pressão inflacionária não devem arrefecer nos próximos meses, o que significa que deve ocorrer uma persistência na tendência de alta da inflação para o consumidor no curto prazo.

Os índices que mais contribuíram individualmente para o valor atual do IGP-M foram o diesel ao produtor, que apresentou elevação de 14,7%; o custo das aves para o produtor, com alta de 15,47% no mês; a gasolina ao produtor, com alta de 11,29%; a gasolina ao consumidor, com alta de 5,86%; o tomate ao consumidor, com alta de 23,28% e o preço do concreto para a construção civil, que teve elevação de 4,21%.

Redação ICL Economia

Com informações do Boletim “Economia para Todos”

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