Índice IBCR mostra crescimento regional desigual no Brasil e dependente do agronegócio

Dados foram compilados por economistas do ICL, que apontaram o agronegócio como grande impulsionador do crescimento de algumas regiões do país
19 de agosto de 2022

Dados do Boletim Regional do Banco Central, divulgado esta semana, mostram que as regiões brasileiras apresentaram crescimento desigual no primeiro trimestre deste ano. A autoridade monetária usa o índice IBCR (Índice de Atividade Econômica Regional), indicador próprio, como ferramenta para medir o crescimento regional. Conforme o último resultado do IBCR, foi constatado crescimento nas regiões centro-oeste (0,7%), nordeste (1,8%) e sudeste (1,7%), como resultado das safras, que não sofreram impactos climáticos adversos nessas localidades.

Por outro lado, as regiões sul e norte apontaram queda de, respectivamente, 2,8% e 0,2%, devido a problemas climáticos que afetaram principalmente a colheita na região sul do país. De modo geral, outro problema responsável pelo impacto mais negativo do IBCR nessas regiões foi a desaceleração da economia chinesa, reduzindo a compra de minerais extrativos.

Os dados do boletim sobre o IBCR foram compilados pelos economistas do ICL Deborah Magagna e André Campedelli, no “Economia para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado”.

indicador IBCR emprego

Gráfico mostra como a criação de empregos se comportou no primeiro trimestre nas regiões. Fonte: Banco Central do Brasil

Um aspecto positivo apontado no levantamento do IBCR foi a melhora no índice de desemprego em todas as regiões no período avaliado, sendo que a concentração de melhores altas ocorreu nas regiões norte e centro-oeste, onde foram apontados crescimento de 2%, acima, portanto, da média nacional, 1,4%.

Por sua vez, o nordeste apresentou o mesmo crescimento do emprego, de 1,4%, enquanto na região sudeste houve aumento de 1,3%, e na sul, de 1,1%. “A melhora do desemprego ocorreu mesmo sem que o ritmo de atividade econômica tivesse melhorado nas regiões norte e sul”, dizem os economistas na publicação.

Na região norte, índice IBCR mostra impacto da desaceleração da economia chinesa no crescimento da região

Em relação à região norte, a queda na venda de minerais metálicos medida pelo IBCR foi a responsável pela redução da atividade econômica no período avaliado. A baixa teve como consequência a desaceleração da economia chinesa, grande compradora de minerais da região.

“Em março, foi possível observar uma queda de 2,5% da indústria geral, que foi puxada principalmente pela indústria extrativa, com recuo de 3,7%. Com isso, o nível de exportações sofreu forte queda, de 15,3% no mês de março, sendo que ocorreu um acréscimo substancial das importações, gerando um saldo 50,6% menor em março na balança comercial”, avaliam os economistas.

No nordeste, o efeito da redução da atividade industrial extrativa acabou gerando menos efeitos na economia local de modo geral, uma vez que a região é menos dependente dessa atividade e tem sua economia mais pautada na agropecuária e na indústria de transformação.

Por outro lado, os dois ramos de atividades que mostraram melhor desempenho foram a produção de grãos no nordeste, que aumentou 9,9% no primeiro trimestre, enquanto a indústria de transformação cresceu 3,1%, ocasionando um aumento de 2,2% na indústria geral. Esses resultados foram consequência da elevação de 1,8% da atividade econômica da região, o melhor desempenho entre todas as regiões brasileiras.

Por sua vez, na região centro-oeste o grande impulsionador foi o agronegócio, com a safra recorde de grãos observada, com crescimento de 11,7% no mês de março deste ano. “Além disso, tanto a indústria extrativa quanto a de transformação obtiveram bons resultados, de 6% e 3,3% respectivamente, levando a indústria geral a um resultado de 3,3%”, pontuam Deborah e André.

Segundo os economistas, a indústria extrativa da região apresentou situação diferente do norte do país, pois é mais pautada na extração de bens de origem animal, que pouco sofreram com problemas no comércio internacional no começo deste ano.

Por fim, as regiões sul e sudeste tiveram queda considerável em suas atividades econômicas, de acordo com o IBCR. No primeiro caso, houve redução considerável da atividade econômica, de 2,8%. A região foi a que mais sofreu com os problemas climáticos apresentados no começo do ano no país, o que reduziu bem sua safra de grãos, que caiu 14,5% em maio. “Mesmo assim, a região conseguiu apresentar um bom resultado com a melhora das exportações e importações, que cresceram 41% e 18%, respectivamente”, dizem os economistas. Contudo, apesar do volume maior, o saldo da balança comercial foi negativo para a região.

Em relação à região sudeste, houve bom desempenho principalmente do setor de serviços, que elevou 1,9% no primeiro trimestre, enquanto o comércio subiu 1,7% e a indústria, 1,6%. O aumento dos componentes mais importantes do PIB (Produto Interno Bruto) proporcionou um crescimento de 1,7% da região no período.

Redação ICL Economia
Com informações do Economia para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado

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