As bolsas mundiais operam em baixa e, pelo segundo dia seguido, os índices futuros de Nova York também amanhecem no negativo, com os investidores tendo dois assuntos no radar, nesta quinta-feira (19): a pressão pelo avanço dos rendimentos dos Treasurys e o discurso do presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell, que poderá dar mais indicações sobre o futuro da política monetária em um momento de pressão inflacionária. Além disso, eles seguem acompanhando a escalada do conflito entre Israel e o Hamas.
O presidente dos EUA, Joe Biden, está em Israel, onde deixou claro seu apoio ao governo israelense “hoje, amanhã e sempre”. Durante a visita dele, foi alinhada a abertura de corredor humanitário pela fronteira do Egito com a Faixa de Gaza.
Do lado econômico, o rendimento dos títulos americanos alcança novos recordes. Nesta manhã, aqueles com rendimento de 10 anos sobem mais de 6 pontos-base (pb) e chegaram a 4.9663%. Mais cedo na sessão, chegaram a 4.971%, seu maior patamar desde 2007. O Treasury yield de 2 anos subiu 2 pb e chegou ao seu maior nível desde 2006, a 5.2420%, enquanto o título de 5 anos teve seu retorno próximo ao observado em 2007, ao avançar 4 pb e chegar a 4.9720%.
Além disso, o forte conjunto de balanços do terceiro trimestre também divide a atenção dos investidores. Hoje, haverá a divulgação de balanços de AT&T e, mais cedo, houve a apresentação dos dados da Nokia. Os números vieram mais de 30% abaixo das expectativas.
Outro aspecto avaliado pelos investidores é a decisão dos Estados Unidos de suspender por seis meses as sanções à produção venezuelana de petróleo e gás, o que tem contribuído para reduzir as pressões sobre os preços da commodity hoje.
Na Europa, as bolsas abriram em queda, com o STOXX recuando mais de 1% e negativo em todos os setores, e os mercados asiáticos também encerraram o dia no negativo, impactado principalmente pelo avanço dos rendimentos dos Treasurys nos EUA.
Brasil
O pregão da Bolsa brasileira ontem (18) foi contaminado pelo cenário externo. O Ibovespa encerrou a quarta-feira em queda de 1,60%, aos 114.059 pontos. Ao longo do dia, o principal indicador da B3 chegou a operar abaixo dos 113 mil pontos, mas reverteu ao longo do dia.
Cresce entre os investidores globais a aversão ao risco à medida que o conflito entre Hamas e Oriente Médio ganha contornos cada vez mais tensos, principalmente após o bombardeio de um hospital na Faixa de Gaza, que deixou centenas de mortos.
Uma pesquisa do BofA (Bank of America), que ouviu quase 300 investidores e gestores globais que administram, juntos, quase US$ 736 bilhões, mostra que o risco geopolítico é a segunda maior preocupação de agentes do mercado. O primeiro continua sendo a economia norte-americana.
Nas negociações do dia, o dólar terminou em alta de 0,38%, cotado a R$ 5,0545 no mercado à vista.
Europa
As bolsas europeias estão operando no negativo nesta manhã, com investidores acompanhando os desdobramentos da guerra entre Israel e o Hamas, bem como os resultados e dados econômicos.
FTSE 100 (Reino Unido), -1,08%
DAX (Alemanha), -0,44%
CAC 40 (França), -0,86%
FTSE MIB (Itália), -1,26%
STOXX 600, -0,92%
Estados Unidos
Os índices futuros de NY operavam em queda, com avanços dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA refletindo o sentimento de aversão ao risco que toma conta dos mercados há semanas.
Para hoje, é aguardado pelos investidores o discurso do presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell, que poderá dar sinais sobre os próximos passos da política monetária dos Estados Unidos.
Dow Jones Futuro (EUA), -0,28%
S&P 500 Futuro (EUA), -029%
Nasdaq Futuro (EUA), -0,21%
Ásia-Pacífico
As bolsas asiáticas encerraram o dia em queda, acompanhando o avanço dos rendimentos dos títulos nos EUA, que bateu recordes na manhã desta quarta-feira.
Por lá, a baixa mais expressiva foi em Hong Kong, devido ao resultado das montadoras de veículos elétricos. O lucro da Tesla caiu 44% no terceiro trimestre, a US$ 1,85 bilhão.
Shanghai SE (China), -1,74%
Nikkei (Japão), -1,91%
Hang Seng Index (Hong Kong), -2,46%
Kospi (Coreia do Sul), -1,90%
ASX 200 (Austrália), -1,36%
Petróleo
Os preços do petróleo iniciaram o dia com quedas, após a sessão movimentada de ontem, dia em que a commodity encerrou em alta, com quedas dos estoques dos EUA e ameaças de embargos às importações israelenses.
O movimento de baixa do petróleo hoje ocorre após o Gabinete de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês) do Tesouro dos Estados Unidos ter emitido licença de seis meses, autorizando de forma temporária as transações com o setor de petróleo e gás da Venezuela.
A suspensão das sanções se dá após o regime de Nicolás Maduro concordar em retomar as negociações com a oposição para eleições livres no ano que vem.
Petróleo WTI, -1,32%, a US$ 87,15 o barril
Petróleo Brent, -1,57%, a US$ 90,02 o barril
Agenda
Para hoje nos EUA, há expectativa de divulgação dos dados semanais de seguro-desemprego, vendas de moradias usadas e o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell.
Por aqui, no Brasil, no campo político-econômico, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu ontem que uma possível vitória de Javier Milei nas eleições argentinas preocupa o governo brasileiro, uma vez que o país é, além de vizinho, um dos principais parceiros comerciais do Brasil. “É natural que eu esteja (preocupado). Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. É natural isso. Preocuparia qualquer um… Porque em geral nas relações internacionais você não ideologiza a relação”, disse Haddad em entrevista à Reuters. Na seara econômica, não haverá divulgação de dados econômicos. O IBC-Br, do Banco Central, será divulgado nesta sexta-feira (20).
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias, InfoMoney e Bloomberg