Índices futuros e bolsas mundiais em baixa, com investidores repercutindo avanço no rendimento dos títulos e discurso de Powell no radar

Desdobramentos da guerra entre Israel e o Hamas também permanece sob atenção dos mercados.
19 de outubro de 2023

As bolsas mundiais operam em baixa e, pelo segundo dia seguido, os índices futuros de Nova York também amanhecem no negativo, com os investidores tendo dois assuntos no radar, nesta quinta-feira (19): a pressão pelo avanço dos rendimentos dos Treasurys e o discurso do presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell, que poderá dar mais indicações sobre o futuro da política monetária em um momento de pressão inflacionária. Além disso, eles seguem acompanhando a escalada do conflito entre Israel e o Hamas.

O presidente dos EUA, Joe Biden, está em Israel, onde deixou claro seu apoio ao governo israelense “hoje, amanhã e sempre”. Durante a visita dele, foi alinhada a abertura de corredor humanitário pela fronteira do Egito com a Faixa de Gaza.

Do lado econômico, o rendimento dos títulos americanos alcança novos recordes. Nesta manhã, aqueles com rendimento de 10 anos sobem mais de 6 pontos-base (pb) e chegaram a 4.9663%. Mais cedo na sessão, chegaram a 4.971%, seu maior patamar desde 2007. O Treasury yield de 2 anos subiu 2 pb e chegou ao seu maior nível desde 2006, a 5.2420%, enquanto o título de 5 anos teve seu retorno próximo ao observado em 2007, ao avançar 4 pb e chegar a 4.9720%.

Além disso, o forte conjunto de balanços do terceiro trimestre também divide a atenção dos investidores. Hoje, haverá a divulgação de balanços de AT&T e, mais cedo, houve a apresentação dos dados da Nokia. Os números vieram mais de 30% abaixo das expectativas.

Outro aspecto avaliado pelos investidores é a decisão dos Estados Unidos de suspender por seis meses as sanções à produção venezuelana de petróleo e gás, o que tem contribuído para reduzir as pressões sobre os preços da commodity hoje.

Na Europa, as bolsas abriram em queda, com o STOXX recuando mais de 1% e negativo em todos os setores, e os mercados asiáticos também encerraram o dia no negativo, impactado principalmente pelo avanço dos rendimentos dos Treasurys nos EUA.

Brasil

O pregão da Bolsa brasileira ontem (18) foi contaminado pelo cenário externo. O Ibovespa encerrou a quarta-feira em queda de 1,60%, aos 114.059 pontos. Ao longo do dia, o principal indicador da B3 chegou a operar abaixo dos 113 mil pontos, mas reverteu ao longo do dia.

Cresce entre os investidores globais a aversão ao risco à medida que o conflito entre Hamas e Oriente Médio ganha contornos cada vez mais tensos, principalmente após o bombardeio de um hospital na Faixa de Gaza, que deixou centenas de mortos.

Uma pesquisa do BofA (Bank of America), que ouviu quase 300 investidores e gestores globais que administram, juntos, quase US$ 736 bilhões, mostra que o risco geopolítico é a segunda maior preocupação de agentes do mercado. O primeiro continua sendo a economia norte-americana.

Nas negociações do dia, o dólar terminou em alta de 0,38%, cotado a R$ 5,0545 no mercado à vista.

Europa

As bolsas europeias estão operando no negativo nesta manhã, com investidores acompanhando os desdobramentos da guerra entre Israel e o Hamas, bem como os resultados e dados econômicos.

FTSE 100 (Reino Unido), -1,08%
DAX (Alemanha), -0,44%
CAC 40 (França), -0,86%
FTSE MIB (Itália), -1,26%
STOXX 600, -0,92%

Estados Unidos

Os índices futuros de NY operavam em queda, com avanços dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA refletindo o sentimento de aversão ao risco que toma conta dos mercados há semanas.

Para hoje, é aguardado pelos investidores o discurso do presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell, que poderá dar sinais sobre os próximos passos da política monetária dos Estados Unidos.

Dow Jones Futuro (EUA), -0,28%
S&P 500 Futuro (EUA), -029%
Nasdaq Futuro (EUA), -0,21%

Ásia-Pacífico

As bolsas asiáticas encerraram o dia em queda, acompanhando o avanço dos rendimentos dos títulos nos EUA, que bateu recordes na manhã desta quarta-feira.

Por lá, a baixa mais expressiva foi em Hong Kong, devido ao resultado das montadoras de veículos elétricos. O lucro da Tesla caiu 44% no terceiro trimestre, a US$ 1,85 bilhão.

Shanghai SE (China), -1,74%
Nikkei (Japão), -1,91%
Hang Seng Index (Hong Kong), -2,46%
Kospi (Coreia do Sul), -1,90%
ASX 200 (Austrália), -1,36%

Petróleo

Os preços do petróleo iniciaram o dia com quedas, após a sessão movimentada de ontem, dia em que a commodity encerrou em alta, com quedas dos estoques dos EUA e ameaças de embargos às importações israelenses.

O movimento de baixa do petróleo hoje ocorre após o Gabinete de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês) do Tesouro dos Estados Unidos ter emitido licença de seis meses, autorizando de forma temporária as transações com o setor de petróleo e gás da Venezuela.

A suspensão das sanções se dá após o regime de Nicolás Maduro concordar em retomar as negociações com a oposição para eleições livres no ano que vem.

Petróleo WTI, -1,32%, a US$ 87,15 o barril
Petróleo Brent, -1,57%, a US$ 90,02 o barril

Agenda

Para hoje nos EUA, há expectativa de divulgação dos dados semanais de seguro-desemprego, vendas de moradias usadas e o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell.

Por aqui, no Brasil, no campo político-econômico, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu ontem que uma possível vitória de Javier Milei nas eleições argentinas preocupa o governo brasileiro, uma vez que o país é, além de vizinho, um dos principais parceiros comerciais do Brasil. “É natural que eu esteja (preocupado). Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. É natural isso. Preocuparia qualquer um… Porque em geral nas relações internacionais você não ideologiza a relação”, disse Haddad em entrevista à Reuters. Na seara econômica, não haverá divulgação de dados econômicos. O IBC-Br, do Banco Central, será divulgado nesta sexta-feira (20).

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias, InfoMoney e Bloomberg

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