Estudo do FGV Ibre mostra que a inserção dos jovens no mercado de trabalho permanece desafiadora. Taxas de desemprego e informalidade são maiores nesse grupo, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. De acordo com o estudo, os jovens brasileiros estão em maior número em ocupações de pouca complexidade e baixos salários.
Embora a taxa de desemprego tenha ficado em 6,9% no trimestre encerrado em junho de 2024, a menor para o período desde 2014 (6,9%), os jovens permanecem com dificuldades para conseguir um emprego. Entre os entraves, segundo o estudo, estão a baixa experiência e escolaridade insuficientes ou incompatíveis com os requisitos das vagas ofertadas.
O estudo aponta que a baixa inserção dos jovens no mercado de trabalho é um dos muitos desafios contemporâneos para o desenvolvimento dos países, pois a inatividade dessa mão de obra de alto potencial pode gerar consequências adversas na vida dos próprios indivíduos e na economia do país em que residem.
Dados da Pnad Contínua do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) do primeiro trimestre do ano, apontam que havia no Brasil cerca de 48 milhões de jovens com idade entre 15 e 29 anos, o que correspondem a 27,4% da população brasileira em idade para trabalhar.
No mesmo período, em 2012, esse grupo era ainda maior e representava 33,8%. O principal fator associado à perda de participação ao longo do tempo é a transição demográfica pela qual o Brasil tem passado.
Participação de jovens no mercado de trabalho está relacionada à decisão de participar ou não
Ainda de acordo com o estudo, o primeiro desafio dos jovens no mercado de trabalho está relacionado à decisão de participar ou não da força de trabalho.
Essa participação acontece basicamente de duas formas: trabalhando (ocupado) ou buscando por um emprego (caso esteja desocupado).
Porém, a decisão em participar é influenciada por uma série de fatores associados às questões socioeconômicas, tais como rendimento domiciliar, composição familiar, oportunidades locais, escolaridade, entre outros.
Segundo Janaína Feijó, pesquisadora da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), quando saem do ensino médio os jovens brasileiros precisam se adaptar a uma realidade no qual a exigência de qualificação formal está mais elevada do que há 15 anos.
Segundo a pesquisadora, sem capacitação, essa parcela da população é empurrada para a informalidade e acaba caindo em “armadilhas no longo prazo”, que seria quando o jovem para de investir em sua formação e depois não consegue mais alcançar posições melhores no mercado de trabalho.
Outro aspecto é que as crises econômicas vividas no país fizeram com que esse grupo enfrente uma concorrência com adultos mais experientes e qualificados que também ficaram desempregados.
Perdas no PIB
O ônus econômico que a falta de oportunidade para esses jovens traz ao Brasil é uma perda que pode chegar até 10 pontos percentuais no potencial de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em um horizonte de 30 anos, segundo aponta indicadores do IMDS (Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social).
Ao analisar a performance do grupo etário no mercado de trabalho, os pesquisadores do Ibre/FGV, Janaína Feijó e Paulo Peruchetti, constataram que a atuação dos jovens trabalhadores com idade entre 18 e 24 anos é altamente concentrada em atividades dos setores de serviços e comércio.
Segundo dados da Pnad Contínua do primeiro trimestre de 2024, atualmente a maioria dos jovens está trabalhando como balconistas e vendedores de lojas (7,9%), escriturários gerais (7,1%) e caixas e expedidores de bilhetes (3%).
Uma vez ocupando postos que são considerados de pouca complexidade e baixa exigência de conhecimento especializado, os jovens ficam sujeitos a um alto grau de informalidade e baixos salários, afirmaram os pesquisadores.
Mulheres, pretos e pardos
Dados da Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, do Ministério do Trabalho, dos 5,2 milhões de jovens desempregados entre 14 e 24 anos, a maioria é composta por mulheres, pretos e pardos. Dentre os desocupados, 52% são mulheres e 66% são pretos e pardos.
Além desses recortes, outro ponto observado pelos pesquisadores do Ibre/FGV é que as regiões brasileiras que mostraram menor participação para esse grupo etário são o Norte e o Nordeste do país, com 55,1% e 54%, respectivamente.
“Nessas regiões, o grau de informalidade é muito elevado por causa do pouco dinamismo e crescimento econômico que não consegue fazer com que essas cidades cresçam e se traduzam em mais emprego e qualidade de vida”, apontaram os pesquisadores.
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Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e da CNN