Com novos projetos e grandes aquisições, principalmente nos setores de energia e tecnologia da informação, o investimento chinês no Brasil mais que triplicou em 2021, retornando ao patamar pré-pandemia. Há acordo de participação dos chineses no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, aquisição de fábrica de automóveis, investimento em banco, foodtechs, empresa de transmissão de energia, entre outros.
O resultado de 2021 é influenciado pela base fraca de comparação com 2020. Ainda assim, os números mostram que o Brasil foi o principal destino do investimento chinês no ano passado. Há 28 projetos listados, igual ao de 2017, e o segundo maior já registrado na série histórica iniciada em 2010.
Relatório do Conselho Empresarial Brasil-China, divulgado na quarta-feira (31), mostra que o investimento do país asiático em território nacional somou US$ 5,9 bilhões em 2021, valor 208% superior ao de 2020 em termos nominais, ano de queda por causa da pandemia, e o maior em quatro anos —os números não consideram a inflação, que no ano passado foi de 7% nos EUA. Na América do Sul, desconsiderando o Brasil, os investimentos chineses cresceram 30% no ano passado. Em todo o mundo, a alta foi de apenas 3,6%.
Nos Estados Unidos, desde que Biden assumiu o cargo, em janeiro de 2021, seu governo não realizou nenhuma conversa sobre barreiras comerciais significativa com a China e não garantiu mais concessões comerciais. Até agora, a política econômica dos EUA na Ásia concentrou-se em iniciar um novo acordo comercial com aliados na região, que ainda está em seus estágios iniciais.
O Brasil foi o país que mais recebeu investimentos da China no período, com participação de 13,6% do total. Desde 2005, foi o quarto maior receptor (4,8% do total). Em termos de valores, o setor de petróleo foi predominante, respondendo por 85% do total. Em números de projetos, os destaques foram eletricidade e tecnologia da informação (TI)
Ao longo de 2022, setores de TI e agronegócios devem se destacar dentre os projetos com investimento chinês no Brasil
Responsável pelo estudo, o diretor de conteúdo e pesquisa do Conselho Empresarial Brasil-China, Tulio Cariello, afirma que o setor de TI deve se destacar novamente em 2022, junto com a agropecuária, considerando os projetos anunciados até o momento.
A área de tecnologia foi um ponto fora da curva, segundo ele. Foram dez projetos, quase um terço do total, nessa área —praticamente o mesmo número verificado no acumulado de 2007 a 2020 (12 projetos).
Cariello explica que os investimentos chineses no exterior passaram por dois momentos distintos nos últimos anos. O primeiro foi de um crescimento ano a ano até 2016, quando alcançaram US$ 170 bilhões, seguido por um patamar estável próximo de US$ 120 bilhões desde então, com investimentos “mais racionais” após exageros anteriores, na avaliação do especialista.
Em relação às preocupações com o avanço dos investimentos do país asiático no Brasil, Cariello afirma que muitos dos insumos usados pelas indústrias nacionais são de origem chinesa, o que ajuda a baratear esses produtos e melhorar sua competitividade.
Ele também destaca que metade dos negócios registrados em 2021 foi de novos projetos e que as aquisições têm sido acompanhadas por investimentos para modernização do parque industrial e da infraestrutura do Brasil.
O especialista destaca ainda que algumas operações, como a compra da fábrica da Mercedes-Benz, ajudam a salvar empregos no país. Na avaliação de Cariello, o que existe é uma falta de competitividade nacional, que é um fator crônico. É muito visível que esses investimentos chineses contribuem para aquecer a economia, com a modernização do parque industrial e até salvando empresas da falência.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias