Depois de confirmada a renúncia de Caio Paes de Andrade do comando da Petrobras, o senador Jean-Paul Prates, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir a presidência da companhia, disse, nesta quarta-feira (4), que o governo não vai interferir na política de preços dos combustíveis, prática comum adotada pela gestão de Jair Bolsonaro, que chegou a trocar quatro vezes o comando da estatal quando o preço da gasolina subia.
A clara sinalização de Prates agradou ao mercado financeiro. Nesta tarde, após a declaração dele, a bolsa subia, incluindo as ações da Petrobras, invertendo a trajetória negativa de ontem (3).
Segundo Prates, cujo nome ainda passará por escrutínio de assembleia da companhia, disse que os preços dos combustíveis praticados no Brasil serão vinculados internacionalmente “de alguma forma”. A política de preços adotada no Brasil vincula o mercado doméstico ao valor do dólar e do barril de petróleo.
“Nunca ninguém falou em intervenção. O mercado é aberto e a importação está aberta. A Petrobras não faz intervenção em preços. Ela cumpre o que o mercado e o governo criam de contexto. A Petrobras reage a um contexto. A gente vai criar uma política de preços para os nossos clientes”, disse Prates hoje à imprensa.
Ainda, o senador pontuou haver uma diferença entre “paridade de importação”, aplicado hoje pela Petrobras, e “paridade internacional”. “Uma coisa é ter o internacional como referência, outra coisa é se guiar pelo preço de uma refinaria estrangeira mais o preço para chegar até aqui”, afirmou, dizendo que o preço será do “mercado brasileiro”, composto por produção nacional e importada.
Como exemplo, ele citou os preços da Reduc, refinaria da Petrobras em Duque de Caxias. “Uma coisa é a oscilação geral do diesel. Outra coisa é dizer que na Reduc, em Duque de Caxias, tem que praticar no mínimo o preço de Rotterdam mais o preço do navio para trazer ele, mais o duto. Sendo que esse diesel foi produzido ali. Isso faz com que sempre se esteja praticando o preço como se tivesse importando tudo que consome. É uma simulação que não reflete a realidade”, apontou.
Com larga experiência no setor de petróleo, Jean-Paul Prates já defendeu preços de referência regionalizados
O indicado a assumir a presidência da Petrobras já defendeu, durante a campanha, a adoção de preços de referência regionalizados como política do governo. Mas isso seria discutido no âmbito governamental, como na ANP (Agência Nacional de Petróleo), órgão regulador do setor.
Ele também enxerga a necessidade de formação de uma conta de estabilização dos preços dos combustíveis para momentos de crise, como uma espécie de amortecedor de impactos. “Quando se tem um preço muito alto, as receitas governamentais com petróleo sobem. Esse excedente é devolvido para o cidadão na forma de um subsídio durante o período de crise.”
Pelos cálculos de Prates, “teoricamente, em março, os preços teriam que estar mais baixos do que agora” por conta do fim do inverno europeu e diante do que apontam os contratos futuros.
O conselho da Petrobras confirmou hoje a renúncia Paes de Andrade do cargo. Ele vai trabalhar no governo de Tarcísio de Freitas, em São Paulo. O mandato do agora ex-presidente da estatal ia até abril. Como presidente interino, foi nomeado João Henrique Rittershaussen, diretor executivo de Desenvolvimento da Produção. Ele ficará no cargo até a posse do novo presidente, o que deve acontecer em meados de fevereiro.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias