Em janeiro, o endividamento do governo norte-americano atingiu o limite máximo de US$ 31,4 trilhões. No mês seguinte, a agência que produz análises orçamentárias para o Congresso do país projetou que o Tesouro americano ficaria sem fundos entre julho e setembro de 2023. A partir desse diagnóstico, o presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, vem centrando esforços para negociar com os líderes da Câmara e do Senado, principalmente com republicanos, que fazem oposição ao governo, o aumento do limite do teto da dívida, que vence agora em julho.
Biden colocou todo os seus colaboradores para discutirem o tema quase que diariamente. Não é incomum acompanhar na imprensa declarações quase que diárias da secretária do Tesouro, Janet Yellen, a respeito do tema. Ontem mesmo (21) ela disse, mais uma vez, em entrevista ao canal americano NBC, que os país deixará de ter capacidade de pagar suas dívidas a partir do dia 1º de junho, caso o teto da dívida não seja aumentado.
Janet também disse estar em contato direto com o Congresso sobre a capacidade do Estado americano de honrar seus compromissos, mas reafirmou que, até o momento, não alterou o prazo limite para a capacidade americana de pagar dívidas, que continua a ser o dia 1º de junho.
As declarações em torno do tema têm pautado os mercados mundiais. Depois da crise bancária recente envolvendo bancos regionais, que necessitaram da intervenção imediata de órgãos do governo, investidores seguem com a antena ligada a respeito dos temas que envolvem a saúde da economia americana. E a questão da dívida é, talvez, o mais importante deles no momento.
O clima de aversão a risco e incerteza catalisou a demanda por ativos considerados mais seguros, uma vez que uma palavra tem contaminado o ambiente desde que acendeu o sinal amarelo quando o limite máximo foi atingido: default (calote).
Joe Biden trava uma batalha que pode se tornar uma das mais caras da história, com consequências para a economia global
De todos os desafios que Biden tem enfrentado em seu governo, talvez esse seja um dos mais emblemáticos. Isso porque, se democratas e republicanos não concordarem em permitir que o governo dos EUA aumente o teto da dívida, o que significa tomar mais empréstimos, a maior economia do mundo poderá deixará de pagar sua dívida de US$ 31,4 trilhões. O prazo para o fim da negociação é 1º de junho.
Em troca, republicanos estão exigindo cortes orçamentários na ordem de US$ 4,5 trilhões, o que frustraria várias prioridades da agenda do presidente. O corte tem sido chamado pela Casa Branca de “um plano para devastar famílias americanas trabalhadoras”.
Mas, para ter o teto aumentado, Biden de fazer algumas concessões. Tanto ele quanto o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, estão sob pressão de alas dos seus respectivos partidos para não ceder, porém, as opções são restritas.
Com uma estreita maioria democrata no Senado, de diferença de apenas uma cadeira, e o controle também apertado dos republicanos na Câmara dos Representantes, chegar a um acordo até agora se mostrou complicado.
Durante sua participação na reunião do G7 (grupo das sete maiores economistas do mundo, liderados por EUA), no Japão, Biden afirmou que planejava conversar com McCarthy ainda ontem para tentar uma nova negociação. Na véspera, McCarthy havia dito a jornalistas que não esperava avanços no diálogo até que Biden voltasse do Japão.
Para o ministro britânico das Finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt, se não houver acordo, o impacto seria “devastador” não só nos EUA como para o resto do mundo. “Seria absolutamente devastador se os EUA, um dos maiores motores da economia global, tiver seu PIB (Produto Interno Bruto) tirado dos trilhos pela ausência de um acordo”, disse ele, também durante o G7.
No entanto, é preciso levar em conta um ponto importante. Biden sabe o tamanhão do problema que tem em mãos e já deu declarações dizendo que um calote está fora de cogitação.
Porém, se os EUA não elevarem o teto de sua dívida, não poderão tomar mais dinheiro emprestado, o que prejudicaria programas do próprio governo americano, com enormes prejuízos às populações mais carentes da mão do Estado em suas vidas.
Do ponto de vista global, os Estados Unidos é parceiro comercial de vários países, incluindo o Brasil. Sem dinheiro, deixaria de comprar vários produtos prejudicando o funcionamento do motor da economia global.
Cálculo do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca estima que, se o governo não chegar a um acordo sobre o teto da dívida por um período prolongado, a economia americana poderá encolher até 6,1%.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do site G1