Líderes do governo vão pedir adiamento de votação da LDO para corrigir texto de relator

Segundo os líderes do governo no Congresso, dois pontos do relatório de Danilo Forte descontentaram o Executivo: a manobra para incluir um calendário de pagamentos de emendas a parlamentares e recursos envolvendo o "Sistema S".
12 de dezembro de 2023

Lideranças do governo vão pedir o adiamento da votação do projeto de LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que pode ser analisado pela CMO (Comissão Mista de Orçamento) nesta terça-feira (12). Após reunião ontem (11), eles definiram que pretendem fazer mudanças no texto do relator, o deputado Danilo Forte.

Os líderes do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), e, na Câmara, José Guimarães (PT-CE) disseram que há dois pontos no texto que desagradaram o governo.

Um deles foi a inclusão de uma manobra no relatório, para dar um jeitinho de ressuscitar as emendas de relator (orçamento secreto). Ele incluiu um mecanismo que reserva R$ 11,3 bilhões para pagamento de emendas de comissão no texto da LDO.

O dispositivo ainda inclui um cronograma para obrigar o governo a fazer os pagamentos das emendas parlamentares impositivas já no primeiro semestre de 2024, ano em que acontecem eleições municipais.

O outro ponto de descontentamento do governo é o que inclui os recursos do “Sistema S” (Sesc, Senai e Sesi) no Orçamento da União e que pode fazer com que o governo perca R$ 40 bilhões.

A LDO traz as regras básicas de orçamento e serve de base para elaboração da LOA (Lei Orçamentária Anual).

Como se trata da primeira etapa da elaboração do orçamento, a LDO costuma ser analisada antes do recesso do primeiro semestre, mas sua análise já havia sido adiada quando o Congresso se debruçava sobre a votação do novo arcabouço fiscal, regra que limita o crescimento de despesas em relação ao aumento da arrecadação.

Segundo Randolfe, há dispositivos que avançam sobre atribuições do Executivo no que se refere à LDO

O líder do governo no Congresso disse que o líder da maioria na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), deve tratar do tema com a presidente da CMO, senadora Daniela Ribeiro (PSD-PB), que é irmã do parlamentar.

“Tem dispositivos que, no nosso entender, avançam sobre o que é, pelo nosso princípio de separação dos poderes, atribuição do Executivo”, disse Randolfe. “A execução e a redução da margem orçamentária do governo é algo que trará dificuldades”, complementou.

Por sua vez, Guimarães deve debater o tema com lideranças da Câmara em nova reunião nesta terça-feira. “A centralidade da proposta garroteia o governo e, portanto, é um problema institucional que nós temos que resolver”, afirmou o parlamentar. “Há que se ter correções porque desse formato feito é um desserviço à República.”

No caso das emendas de comissão, atualmente elas não precisam ser pagas pelo Executivo. As emendas impositivas (obrigatórias) estão previstas na Constituição (individuais e de bancada estadual), ou seja, no entendimento do governo, uma nova impositividade deveria ser incluída também por alteração constitucional.

“Tem um calendário de empenho e de execução que, na prática, amplia a disposição orçamentária, retirando do governo e disponibilizando para o Legislativo. Não nos parece razoável”, observou Randolfe.

O calendário para pagamento de emendas, incluído por Danilo Forte, não existe hoje. Sua inclusão tiraria do governo o poder de negociar com os congressistas a votação de projetos importantes, como tem ocorrido atualmente. Isso significa que quem daria as cartas sobre as pautas de votação seria o Congresso.

No caso das emendas impositivas, elas podem ser pagas ao longo do ano, no ritmo que o Executivo preferir.

Em relação ao Sistema S, Forte incluiu no relatório a previsão de que as contribuições sejam arrecadadas, fiscalizadas e cobradas pela Receita Federal.

A medida poderia retirar R$ 40 bilhões da União, mas também desagradou empresários, que não querem ficar sujeitos a contingenciamentos.

Líder do governo “toma susto” ao ver Sistema S na LDO

Guimarães disse que “tomou um susto” ao ver a mudança no parecer. “Eu tomei foi um susto quando eu vi isso. Meteu o ‘Sistema S’ na LDO, eu não estou acreditando no que estou vendo”, disse.

Em nota, Danilo Forte disse que os recursos “continuarão sendo integralmente repassados às entidades” e que serão “ressalvados de contingenciamento”.

Segundo ele, “não há retirada de recursos das entidades sindicais patronais ou tentativa de alterar a natureza jurídica dessas organizações. Ao integrar o ‘Sistema S’ ao Orçamento da União será possível, finalmente, jogar luz na ambiguidade operacional dessas entidades”, observou.

Redação ICL Economia
Com informações do G1

Continue lendo

Assine nossa newsletter
Receba gratuitamente os principais destaques e indicadores da economia e do mercado financeiro.