O lucro dos bancos brasileiros somou R$ 139 bilhões em 2022 (lucro líquido), alta de 1,6% em relação ao ano anterior (R$ 136,8 bilhões). Esse é o maior valor registrado desde 2011 (R$ 63 bilhões). Apesar do crescimento, o efeito Lojas Americanas impactou o balanço das instituições finaceiras, conforme informou, ontem (9), o Banco Central.
O lucro das instituições financeiras registrou queda frente ao patamar registrado no meio do ano passado, perído em que os ganhos dos bancos foram impulsionados pelo aumento da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano, e que serve de referência a todas as demais taxas da economia brasileira.
Em doze meses até junho de 2022 (número revisado), o lucro tinha somado R$ 143,3 bilhões, valor que representava um recorde.
Os dados do BC mostram que as despesas com provisões (valores reservados para eventual inadimplência dos clientes) aumentaram ao longo de 2022 e, relativamente à carteira (de empréstimos), aproximaram-se dos níveis observados durante a pandemia de Covid-19.
“O crescimento do crédito em linhas de maior risco, o aumento do comprometimento de renda das famílias e a redução da capacidade de pagamento de micro e pequenas empresas explicam o aumento ao longo do ano”, acrescentou a instituição.
Um levantamento publicado pela XP Investimentos com dados da Economatica, divulgado em março passado, mostrava que o lucro das instituições bancárias em 2022 havia sido puxado pelo Banco do Brasil (R$ 31 bilhões), seguido pelo Itaú Unibanco (R$ 29,4 bilhões), Bradesco (R$ 20,7 bilhões), Santander Brasil (R$ 12,6 bilhões).
Lucro dos bancos foi atingido por crise das Lojas Americanas, principalmente a partir do quatro trimestre do ano passado, diz BC
Segundo o BC, no quarto trimestre do ano passado, o efeito das lojas Americanas contribuiu para a elevação significativa das provisões em torno de 25% na comparação trimestral, e respondeu por “parcela relevante” do recuo da rentabilidade do sistema em 2022. “As provisões [dos bancos brasileiros], contudo, absorveram a maior parte da materialização de risco [das lojas Americanas] e seguem adequadas, acima das estimativas de perdas esperadas”, acrescentou o Banco Central.
O retorno sobre o patrimônio líquido do sistema financeiro nacional, mecanismo usado para medir a rentabilidade dos bancos, foi de 14,7% em 2022, com queda na comparação com os 15,7% registrado no ano anterior.
Em janeiro passado, a Americanas divulgou ter identificado “inconsistências em lançamentos contábeis” nos balanços corporativos, valor à época de R$ 20 bilhões, mas que chegou a quase R$ 50 bilhões depois que se jogou uma lupa sobre a situação. Depois disso, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial na Justiça.
Para este ano, as projeções do Banco Central são de “atividade econômica mais fraca, crescimento do crédito menor, inadimplência e inflação em níveis elevados”, o que deve pressionar a rentabilidade financeira dos bancos no médio prazo.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do G1