O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou na quarta-feira (2) a atuação do Fundo Monetário Internacional (FMI) na gestão da dívida externa da Argentina. O atual presidente argentino, Alberto Fernández, é aliado de Lula. Na última projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, o FMI apontou que a disponibilidade de crédito é restrita e que existe o risco de o sobre-endividamento se espalhar para um grupo mais amplo de economias.
Durante o café da manhã no Palácio do Planalto, Lula disse ficar preocupado de saber como um país tão importante como a Argentina, um país que já foi a quinta economia do mundo, chega na situação econômica na qual está hoje. “Tudo isso muito em função de uma dívida contraída por um outro governo e que ficou para o atual governo pagar essa dívida aí”, afirmou Lula a correspondentes estrangeiros, segundo reportagem publicada no site G1.
O presidente brasileiro afirmou também que o FMI deveria levar em conta os danos causados à economia argentina pela grave seca que atingiu o país no começo do ano, informa o site G1.
Além da ajuda do FMI, Argentina teve conversas com o Banco do Brics
Lula disse ainda que fez “tudo o que podia fazer” para ajudar a Argentina na gestão da dívida externa, incluindo conversar com bancos regionais e com o Banco do Brics, hoje comandado pela ex-presidente do Brasil Dilma Rousseff.
O presidente ainda defendeu, na quarta-feira (2), que o Brics (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) avalie o ingresso de mais países na organização. Lula disse apoiar, por exemplo, a entrada de nações como Arábia Saudita, Argentina e Emirados Árabes Unidos. Os presidentes dos cinco países do Brics se reúnem na África do Sul, ainda este mês. E, segundo Lula, poderiam decidir sobre essas adesões se houver consenso, de acordo com a reportagem do G1.
Na segunda (31), a Argentina anunciou que pagaria um vencimento de US$ 2,7 bilhões (cerca de R$ 12,7 bilhões, na cotação atual) ao FMI com iuanes, a moeda chinesa, e um empréstimo-ponte do banco de desenvolvimento da América Latina (CAF).
Na sexta (28), o FMI chegou a um acordo com a Argentina sobre a quinta e sexta revisões do acordo de US$ 44 bilhões (em torno de R$ 208 bilhões), em 2018 – o que permitirá o novo empréstimo, mas apenas na segunda quinzena de agosto, após a aprovação do conselho de administração do FMI.
Toda essa gestão da dívida externa argentina tem impacto direto nas eleições presidenciais do país, previstas para outubro. O ministro da Economia, Sergio Massa, é pré-candidato como sucessor de Fernández.
Questionado sobre as eleições, Lula disse que prefere “silenciar” sobre a disputa e torce para que “vença a democracia”.
“Sobre a eleição eu prefiro me silenciar. Eu penso o seguinte: o Brasil é um país que não quer crescer sozinho. Queremos crescer com nossos vizinhos crescendo conosco. Eu fico pedindo a Deus que a democracia prevaleça na Argentina. Que vença a democracia”, declarou.
Em 2019, Bolsonaro atacou ativamente o então candidato Alberto Fernández e disse defender a reeleição de Maurício Macri, que acabou derrotado em primeiro turno.
Redação ICL Economia
Com informação da CNN e das agências de notícias