O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, já está colocando o Brasil novamente no centro da discussão sobre meio ambiente no mundo. Prova disso é que, após a confirmação da vitória no domingo (30), a Noruega anunciou que retomará a ajuda financeira contra o desmatamento da Amazônia no Brasil, congelada durante a presidência de Bolsonaro. Além disso, Lula já confirmou que vai participar da conferência sobre mudanças climáticas da ONU, a COP27, que acontece entre os dias 6 e 18 de novembro no Egito, decisão que foi bem recebida por ambientalistas. Sob o comando de Bolsonaro, o Brasil ganhou notoriedade internacional por estimular a destruição ambiental – uma das reais ameaças à mudança climática em todo o mundo.
Segundo declarações dadas à agencia de notícias AFP (Agence France-Press) pelo ministro norueguês do Meio Ambiente, Espen Barth Eide, cerca de 5 bilhões de coroas norueguesas (US$ 482 milhões, ou R$ 2,5 bilhões) aguardam para serem utilizados no fundo de preservação da floresta amazônica.
O mundo reconhece o protagonismo que o Brasil teve no governo Lula em relação ao meio ambiente
Para a conferência sobre mudanças climáticas da ONU, a COP27, o convite para a participação de Lula foi feito pelo governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB). Houve também contato do governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), que preside o Consórcio de Governadores da Amazônia Legal — grupo que reúne os nove líderes da região e terá pela primeira vez um estande no evento. Organizações da sociedade civil que terão um espaço próprio foram outro grupo que estendeu convites para o governo de transição.
Lula também foi convidado na própria segunda-feira (31) pela Presidência do Egito, e se juntará a uma lista de peso internacional. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, irá à conferência, assim como Giorgia Meloni, nova premier italiana, e o presidente da França, Emmanuel Macron. Não está claro, contudo, se todos estarão simultaneamente no evento internacional de meio ambiente.
Aliados consideram natural que o petista já chegue à COP27 com o nome de seu ministro para apresentar ao mundo. Uma das citadas para assumir a pasta de meio ambiente é a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP), que foi ministra nos dois primeiros governos de Lula. Ela também irá à conferência.
A criação da Autoridade Climática (instituição que irá coordenar a ação de vários ministérios na questão ambiental) foi uma das propostas apresentadas pela líder da Rede a Lula como condicionante para que ela declarasse apoio ao petista.
Captação de recursos para projetos ambientais deve aumentar com Lula à frente do governo
O fundador da empresa de investimentos Grupo Gaia, João Paulo Pacífico, que trabalha na captação de recursos voltados para o financiamento de projetos socioambientais, avalia que o ambiente, para o mundo, é um tema central para as decisões sobre onde o dinheiro vai ser canalizado.
Segundo entrevista de Pacífico para a Folha de S. Paulo, a postura negligente de Bolsonaro com o ambiente fez com que o Brasil se tornasse um pária no cenário global. Agora a expectativa é que o cenário mude completamente sob a condução do governo Lula a partir de 2023. A perspectiva é de que o tema ambiente no Brasil passe a atrair um maior interesse de investidores estrangeiros para projetos que tenham como foco atacar essas questões.
Em setembro, Pacífico anunciou a doação do Grupo Gaia para uma ONG (Organização Não Governamental). Produções agrícolas do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e moradias sociais de alugueis acessíveis em São Paulo estão entre os projetos que foram financiados pelo intermédio da empresa.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S. Paulo