O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participará, na França, da Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, uma iniciativa do presidente francês, Emmanuel Macron, com quem o petista também conversará sobre formas de destravar o acordo entre Mercosul e União Europeia. A cúpula começa nesta quinta-feira (22), em Paris, e deve reunir cerca de 100 chefes de Estado e de governo.
O objetivo da cúpula é reforçar os mecanismos de apoio aos países do Sul para combater a pobreza e lutar contra as mudanças climáticas, e o Brasil, que abriga a maior floresta tropical do mundo, é parte importante dessa engrenagem.
Antes de desembarcar na França, Lula esteve na Itália, onde se encontrou com autoridades, como o presidente da Itália, Sergio Mattarella, e o papa Francisco, com quem discutiu a guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Em seu perfil oficial na rede social Twitter, Lula escreveu: “É sempre uma alegria visitar a Itália, país que temos uma relação de irmandade. Tive ótimos encontros com o presidente Sergio Mattarella, com a primeira-ministra Giorgia Meloni e com o Santo Papa. Agora, sigo para a França para encontrar chefes de Estado e conversarmos sobre o desenvolvimento sustentável do mundo”.
Na cúpula do Novo Pacto Financeiro Global, serão discutidas diferentes propostas, como a reforma do FMI (Fundo Monetário Internacional) e de bancos multilaterais de desenvolvimento, como o Banco Mundial; o problema de endividamento de países mais vulneráveis e que tiveram sua situação econômica agravada por conta da alta da inflação e dos juros; a taxação do comércio marítimo e uma maior mobilização do setor privado nos desafios globais.
O evento terá duração de dois dias. Além de Lula, que participa do evento nesta sexta-feira (23), estão previstas as presenças do chanceler alemão, Olaf Scholz, e de diversas autoridades, como o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, e a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, além de representantes de instituições financeiras, empresas e ONGs.
Uma fonte disse à BBC News Brasil que o encontro tem o objetivo de “avançar as coisas”. “É uma forma de pressão sobre o G20, já que, diferentemente das reuniões desse grupo, a cúpula em Paris terá mais representantes de países devedores”, afirmou.
Em Paris, além de participar da Cúpula para o Novo Pacto Financeiro Global, Lula terá almoço com Macron
O presidente Lula chegou a Paris no fim desta manhã e, na parte da tarde, a agenda dele previa encontros bilaterais entre o mandatário brasileiro e os presidentes da África do Sul, Cyril Ramaphosa; de Cuba, Miguel Díaz-Canel; com o primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry; e com o presidente da COP28, que ocorrerá nos Emirados Árabes Unidos, Sultan Al Jaber.
Lula fará depois um discurso no show Power our Planet e participará do jantar oferecido pelo presidente Macron aos chefes das delegações da cúpula.
O governo francês espera que as propostas feitas no encontro ganhem força em outras reuniões internacionais, como o G20 e a COP 28 do clima.
Amanhã, ele participará de almoço com Macron e de uma reunião bilateral com o presidente francês, em que serão discutidas as condições do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
“Eu quero discutir com Macron a questão do parlamento francês, que aprovou endurecimento do acordo Mercosul-União Europeia. A União Europeia não pode tentar ameaçar o Mercosul, de punir o Mercosul se não cumprir isso ou aquilo”, disse Lula na edição de segunda-feira passada do Conversa com o Presidente, live transmitida pelas redes sociais de Lula e do governo.
A dívida dos países pobres é um dos principais temas da cúpula
Uma das grandes divergências que deve ser tratada na cúpula de Paris é o tamanho e o tratamento que as nações mais ricas têm dado à dívida das nações mais pobres.
A China é a principal credora bilateral desses países e, ao contrário do Clube de Paris, que anulou uma parte dos valores devidos por países altamente endividados, prefere analisar caso a caso.
Outro tema na agenda do encontro são os fundos dos bancos de desenvolvimento regionais. As nações ricas desejam que eles sejam utilizados de maneira mais eficiente, para não haver necessidade de que sejam colocados mais recursos.
Por sua vez, a China defende um aumento de capital desses bancos, o que levaria a uma redistribuição de cotas e mudaria a governança dessas instituições.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias