O presidente Luiz Inácio Lula da Silve (PT) convocou uma reunião, para as 18h desta segunda-feira (8), com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir disputa de poder no comando da Petrobras. Uma reunião havia sido marcada para ontem à noite (7), mas foi cancelada.
Sob processo de fritura, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, pode deixar o comando da companhia devido a divergências com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que deu uma entrevista incendiária para o jornal Folha de S.Paulo, na semana passada, explicitando os problemas de relacionamento entre ambos.
Além de Haddad, Lula havia chamado ministros para o encontro no Palácio da Alvorada ontem. O mandatário da Fazenda, que estava em São Paulo, onde teria agenda nesta segunda-feira, viajou para Brasília. Mas divulgação da reunião teria desagradado o presidente, que desistiu do encontro.
Segundo a Folha de S. Paulo, Aliados de Lula afirmam, sob reservas, que o destino de Prates está selado. Para esses interlocutores, a demissão é questão de tempo.
Para o lugar dele, o nome cotado é o de Aloizio Mercadante, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que teria confirmado o convite a Prates.
De acordo com informações de reportagem Folha de S.Paulo, Haddad deve arbitrar a favor da manutenção de Prates por temer impacto na economia e, também, sob o argumento de não haver justificativas técnicas para a exoneração do presidente da petroleira, à exceção de sua personalidade e de seus rompantes nas redes sociais.
Prates é senador pelo PT e foi alçado ao cargo por ter experiência na área de petróleo e gás. Tem apoio do sindicato de petroleiros e, também, do mercado financeiro. Já Mercadante, além de não ter experiência na área, é visto pelo mercado como um petista da ala radical do partido.
Já Silveira é ex-delegado de polícia e entrou na política pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Hoje é quadro do PSD, de Gilberto Kassab.
Na visão de membros do governo, Prates estaria certo em querer distribuir dividendos extraordinários a acionistas da Petrobras
A celeuma envolvendo o comando da estatal teve início com a decisão sobre a distribuição de dividendos extraordinários a acionistas. Prates era favorável, mas se absteve de seu voto, pois a decisão de suspender o pagamento teria vindo do governo, que é acionista majoritário da empresa.
A visão de agora do governo, conforme publicado na Folha de S.Paulo, é que Prates estaria certo em querer pagar os dividendos extraordinários aos acionistas da empresa, o que poderá ocorrer, ao menos parcialmente, no próximo mês, beneficiando inclusive o governo.
Hadda já incluiu na conta a fatia do Executivo no pagamento de dividendos extraordinários para incrementar a receita e, assim, ajudar no cumprimento da meta de zerar o déficit fiscal este ano (equilíbrio entre receitas e despesas).
No entanto, a questão do comando da estatal gera divisões dentro do entorno do presidente. Auxiliares de Lula que esperam a saída de Prates ainda nesta semana dizem que não se pode duvidar do poder de convencimento de Haddad pela permanência do CEO na estatal.
Mas Lula estaria descontente com Prates desde o anúncio de investimentos em energia eólica no país e, segundo fontes do Planalto, o presidente também não é favorável à maneira muito centrada com que Prates conduz a companhia, uma vez que Lula defende que seus auxiliares estejam abertos para ouvir outras opiniões e mudarem de ideia.
Lula também já tinha manifestado a aliados a disposição de substituir Prates e vinha amadurecendo a ideia desde o mês passado.
Porém, um influente dirigente petista disse à Folha que demitir Prates no calor da fritura dele significaria dar legitimidade para uma prática nefasta. Tem pesado, no entanto, que seria recomendável encerrar a polêmica já.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e da Folha de S.Paulo