Lula vai procurar empresários do setor do varejo para propor aplicação de menor taxa de juros nos débitos dos consumidores

Brasil tem cerca de 80 milhões de pessoas endividadas. Cerca de 80% das dívidas apresentam valor até R$ 4 mil. Com tantas famílias endividadas, a renegociação dos débitos, com menor taxa de juros, é prioridade
14 de outubro de 2022

O candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que, caso seja eleito, vai atuar para renegociar as dívidas dos inadimplentes com menor taxa de juros, chamando os empresários do setor do varejo, como Magalu, Casas Bahia, Americanas, para propor abatimento dos débitos dos consumidores. Lula explica que o país tem cerca de 80 milhões de pessoas endividadas e que cerca de 80% das dívidas são de até R$ 4 mil. O tema do acesso ao crédito e da renegociação das dívidas das famílias ganhou o centro da campanha eleitoral do candidato Lula nas últimas semanas. Além da renegociação de dívidas e ampliação do acesso ao crédito, com menor taxa de juros, Lula disse que o combate à fome e a geração de empregos serão as maiores prioridades em um eventual governo.

As declarações do ex-presidente Lula foram dadas em entrevista à imprensa nesta quinta-feira (13) em Aracaju (SE). Lula também prometeu criar um programa de incentivo e crédito mais barato, com menor taxa de juros,  para micro e pequenos empreendedores. E afirmou que vai criar um fundo garantidor para cobrir possíveis casos de inadimplência.

Segundo levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), divulgado em 10 de outubro , 79,3% dos lares estão com dívidas a vencer. É o terceiro recorde consecutivo. É a primeira vez, desde que a pesquisa começou a ser feita, em 2010, que a proporção de endividados entre a faixa de menor rendimento ultrapassa a marca de 80%. O levantamento considera as famílias que relatam ter dívidas a vencer no cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, além de prestação de carro e de casa.

O programa específico do PT para viabilizar a renegociação de dívidas de famílias de baixa renda, com menor taxa de juros, chamado “Desenrola”, está em elaboração e deve atender diferentes perfis de públicos.

Um deles são as mulheres, parcela mais endividada da população. O esboço atual do programa para renegociação de dívidas prevê a repactuação de débitos fora do sistema bancário, como contas de luz, água e alimentos. O público planejado são famílias que recebem até três salários mínimos (o equivalente hoje a R$ 3.636). 

A ideia é debater o modelo do programa de renegociação de dívidas com o sistema financeiro, com menor taxa de juros, e fazer parcerias com o Serasa e o SPC. A iniciativa deve ser levada à propaganda do candidato na televisão em algum momento da campanha.

Para Lula, o Estado deve ser o indutor e facilitar a vida das pessoas, inclusive a crédito e financiamento mais barato, com menor taxa de juros

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Crédito: Envato

Para viabilizar o programa, o petista afirmou que pretende negociar com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) para criar condições para viabilizar crédito mais barato, com menor taxa de juros. “O estado serve para isso. O estado serve para ser o indutor e facilitar a vida das pessoas a ter acesso a tudo, inclusive a crédito e financiamento”, disse.

Após sua campanha dizer no primeiro turno que não haveria propostas para perdoar dívidas das famílias, o presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou na semana passada um programa para perdoar dívidas das famílias.

Apresentado como um “lançamento” pela Caixa Econômica Federal, o programa Você no Azul da Caixa, na verdade, já existe desde 2019, e renegocia débitos que pessoas e empresas tenham com a instituição financeira. O programa oferece descontos de até 90%.

O anúncio de Bolsonaro ocorreu após seu principal concorrente à Presidência, o candidato, Lula -que já tinha um plano para endividados-, aceitar considerar também a proposta de Ciro Gomes (PDT), cuja campanha tinha como carro-chefe a negociação de dívidas

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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