Maior inflação para abril desde 1996 está disseminada entre praticamente todos os produtos

A inflação se espalhou nos últimos meses e o indicador de difusão, em abril, chegou a 78,3%
12 de maio de 2022

Com o registro do índice de inflação de 12,13% em doze meses (dados IPCA de abril), o Brasil tem a maior inflação para o mês de abril desde 1996 e se mantém entre os três países com maiores taxas nas Américas, atrás somente de Venezuela (222%) a Argentina (55%), países que já estavam assolados por descontrole inflacionário antes das pressões geradas pela pandemia e pela guerra na Ucrânia.

Segundo levantamento feito pela plataforma Tradingeconomics, na lista dos países do continente americano com inflação com dois dígitos estão Paraguai, Jamaica e Chile. Os EUA, que registram inflação de 8,3% no acumulado até abril, ocupam a 10ª posição.

Entre as economias do G20, o Brasil está na quarta posição, atrás também de Turquia, Argentina e Rússia.

O IPCA de abril (+1,06%) apontou que os aumentos nos gastos das famílias com alimentação e transportes responderam juntos por cerca de 80% da inflação oficial no País. No entanto, as altas de preços estão disseminadas, alcançando oito dos nove grupos que integram a pesquisa do índice.

Os números mostram que a inflação foi se espalhando nos últimos meses. Em fevereiro de 2020 — antes do início da pandemia de Covid-19 — o indicador de difusão era de 49,3%. Agora em abril de 2022 está em 78,3%.

Maior inflação, alto índice de difusão 

O índice de difusão mede a quantidade de produtos e serviços, dentro do IPCA, que registrou inflação (alta de preços) em determinado mês. Se os preços do feijão e da carne subirem, por exemplo, eles contribuem para a difusão mais alta.

Os produtos e serviços influenciam uns aos outros, e a inflação acaba se espalhando pelos diferentes itens. Com isso, fica mais difícil fazer substituições de produtos, porque tudo encareceu. Atualmente, 377 estão na cesta de produtos monitorados pelo IBGE para medir a inflação.

Os economistas do ICL André Campedelli e Deborah Magagna ressaltam que abril se configurou como mais um mês de elevada inflação no Brasil, acima de 1%. “O acumulado no ano em apenas 4 meses já atingiu no teto da meta estipulado pelas autoridades monetárias brasileiras. Alimentos e combustíveis novamente foram os grandes responsáveis pela alta, neste mês com a contribuição dos medicamentos. Lembrando que, no mês de maio, ocorreram novas elevações do diesel e existe a possibilidade de aumento do preço da gasolina nos próximos dias. Sem contar com um
reajuste acima de 20% que deve ocorrer nos planos de saúde. O cenário para o curto prazo não é nada animador, sendo que a inflação deve manter esse patamar muito elevado pelo menos até o final do semestre.”

Diante da alta da inflação, o governo Bolsonaro continua sem apresentar uma política econômica assertiva para resolver o problema. Pelo contrário, a única atitude tem sido a alta da taxa de juros, que traz consequências também muito negativas para a população. Os economistas do ICL explicam que o aumento da taxa de juros é “mais um empecilho para o crescimento econômico, que debilita ainda mais a já frágil atividade econômica brasileira”. A medida faz com que juros fiquem mais altos, dificultando o crédito para empresas investirem em expansões ou novas fábricas. Com o desestímulo ao consumo, as empresas também adiam expansões e contratações, impactando nos números do desemprego.

Com economia em queda, Lula sobe nas pesquisas

Sem conseguir conter a alta da inflação e do desemprego, as chances de reeleição do presidente Jair Bolsonaro vão ficando cada vez menores.

A pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (11), mostra que o ex-presidente Lula tem 46% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro está com 29%. O diretor Quaest, Felipe Nunes, explica que a pesquisa mostra que “o favoritismo de Lula continua sendo explicado pela relevância da economia real na vida do cidadão”.

Em sua análise, Nunes aponta que, no universo de 50% de eleitores que se dizem preocupados com a economia, 18% afirmam que a inflação é o principal problema do país. Para 13% é o desemprego e 19% indicam a “crise econômica”. “Em setembro de 2021, apenas 6% diziam espontaneamente que a inflação era o principal problema. Esse protagonismo da inflação é preditor de eleição de mudança”, prevê.  Ainda segundo o diretor da Quaest, continua muito alto (59%) o percentual de eleitores com dificuldade de pagar suas contas nos últimos meses.

Redação ICL Economia
Com informações das agências

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