Entidades ligadas ao setor de comércio e serviços lançam manifesto pela manutenção do parcelado sem juros

Movimento "Parcelo Sim!" tem a adesão de 11 entidades. Em manifesto, grupo argumenta que muitos brasileiros, principalmente os de baixa renda, usam o cartão para parcelar compra de bens, mas também remédios e compras nos supermercados.
22 de novembro de 2023

Um grupo de 11 entidades do setor de comércio e serviços lançou ontem (21) um manifesto pela manutenção do parcelado sem juros no cartão de crédito. O movimento, que se chama “Parcelo Sim!”, lançou um abaixo-assinado, e tem o seguinte lema: “Vamos salvar o parcelado sem juros. Sem parcelar, não dá para comprar”.

O texto de lançamento da campanha diz que o pagamento parcelado sem juros é uma das ferramentas de concessão de crédito mais populares do Brasil. “Ajuda 200 milhões de brasileiros todos os dias: quem precisa trocar o smartphone por um modelo novo para trabalhar, quem precisa comprar móveis e eletrodomésticos novos depois de um imprevisto, quem tem o sonho de dar uma TV nova para a família”, diz o trecho do manifesto.

O manifesto também aponta que “muita gente usa o parcelado sem juros para comprar remédios, uma necessidade que não pode ser adiada. Tem gente que parcela a compra do mercado para levar comida para casa”. Caso seja limitado, o grupo alega que as pessoas mais atingidas são aquelas de menor renda, cujo acesso a bens é permitido pelo parcelamento.

A discussão sobre o parcelado sem juros no cartão ganhou força depois que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, atribuiu a essa modalidade o fato de os juros do rotativo do cartão, principal vilão do endividamento do brasileiro, ser tão alto.

Em outubro, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, sinalizou que as compras parceladas sem juros no cartão de crédito não são “algo intocável”, embora tenha salientado que essa engenharia para o funcionamento do comércio brasileiro “veio para ficar”.

Com apoio da equipe econômica do governo Lula, o BC tem coordenado reuniões com representantes de bancos, adquirentes, cartões e varejo para discutir a regra da lei do Desenrola, programa de renegociação de dívidas lançado pelo governo. Na mesma lei, o Congresso colocou um dispositivo que limita a dívida do rotativo (quando o cliente paga o mínimo da fatura do cartão, postergando o pagamento) a 100% do valor original, caso o próprio setor não chegue a outra fórmula para reduzir as altas taxas. Atualmente, os juros dessa modalidade superam os 400% ao ano.

Bancos têm defendido restrições ao parcelado sem juros para baixar os juros do rotativo

O texto da lei não faz nenhuma menção às compras parceladas e não manda restringir as compras parceladas sem juros no cartão. Mas as instituições bancárias têm defendido a restrição dessa modalidade de compra como forma de baixar as altas taxas do crédito rotativo.

O argumento dos bancos é que o parcelado sem juros aumenta a inadimplência e força a cobrança de juros altos no rotativo.

Por outro lado, os setores de maquininhas e o comércio dizem não haver estudos públicos independentes que mostrem relação de causa e efeito entre parcelamento sem juros e inadimplência.

Pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio) aponta que o pagamento parcelado sem juros é adotado por 90% dos varejistas. Levantamento realizado pelo Datafolha mostrou que 75% da população faz uso dessa modalidade.

Outro estudo, realizado pelo Instituto Locomotiva, aponta que 42% das pessoas reduzirão seus gastos pela metade se houver limitação para o parcelado sem juros no cartão de crédito.

“A mesma pesquisa mostra que 115 milhões de brasileiros só conseguiram realizar seus sonhos até hoje com ajuda dessa modalidade de pagamento”, diz o manifesto.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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