O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inicia nesta quinta-feira (8) a segunda etapa da maratona de visitas a parceiros internacionais. Depois de visitar Argentina e Uruguay, o petista desembarca nos Estados Unidos para um encontro de uma hora com o presidente norte-americano, Joe Biden. O principal tema da pauta a ser discutida entre Lula e Biden nesta sexta-feira (10) é a liberação de recursos para o combate ao desmatamento na Amazônia, principalmente depois de vir à tona a crise humanitária envolvendo o povo yanomami.
De acordo com informações do colunista do portal UOL e comentarista do ICL Notícias Jamil Chade, negociações entre assessores dos dois governos estão ocorrendo para que se faça um comunicado conjunto ao final do encontro. Mas não está prevista coletiva de imprensa entre os dois nem jantar ou almoço oficial.
Ainda de acordo com o jornalista, Lula quer mostrar o ponto de inflexão do Brasil com o novo governo no que se refere, principalmente, às questões ambientais, em contraposição ao marcado negacionismo da crise climática da gestão de Jair Bolsonaro (PL). Por isso, a delegação brasileira quer deixar claro na visita que as operações contra o garimpo, as ações para socorrer os indígenas e a reconstrução das instituições já estão ocorrendo.
Como prova, o governo brasileiro pode citar a operação contra o garimpo ilegal iniciada ontem (8). A força-tarefa que une Ibama, Funai e Força Nacional de Segurança Pública destruiu um avião, um trator, além de ter apreendido armas, combustíveis e desfeito estruturas usadas pelos garimpeiros.
Lula e Biden conversarão na companhia do chanceler Mauro Vieira e do assessor especial Celso Amorim. Também estarão na comitiva os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança Climática) e Anielle Franco (Igualdade Racial), e a primeira-dama Janja, que participará de um chá com Jill Biden.
Do encontro Lula e Biden, presidente brasileiro espera sair com ao menos um compromisso selado na parte ambiental
O presidente brasileiro espera sair de Washington com ao menos um pacto selado com Biden na área ambiental. Para isso, Lula contará com o reforço de Marina Silva, que tem insistido na necessidade de os países ricos desembolsarem recursos para ajudar os emergentes a lidar com a situação climática e ambiental. Ambos querem mostrar que, nesse pouco mais de um mês de governo, já foram tomadas ações concretas nesse sentido.
Assim, o governo atual destoa de Ricardo Salles, que se comportou mais como defensor de criminosos do que do Meio Ambiente no governo Bolsonaro, ao abrir a porteira e passar o pano para os crimes ambientais.
Conforme apontou o colunista do UOL, Salles tem a pecha de “chantagista” por parte de observadores internacionais, ao solicitar o dinheiro americano. Biden já deixou claro que conta com US$ 20 bilhões para ajudar países a proteger suas florestas, um valor muito superior até mesmo ao que o Fundo Amazônia jamais acumulou. Mas a Casa Branca alegou que, antes, queria garantias de que governos estão agindo. “Não existe cheque em branco nos EUA”, afirmou um negociador, segundo o colunista.
Dentro do governo brasileiro, Marina Silva tem comentado que Washington já sinalizou que seus recursos teriam de ser administrados de uma maneira diferente ou de forma paralela ao Fundo Amazônia. Os americanos querem protagonismo e controle sobre os recursos. No caso do Fundo, trata-se de uma iniciativa liderada pela Noruega e com a administração do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social).
Comitiva brasileira deve enfrentar protestos de grupos bolsonaristas
Ontem (8) completou-se um mês desde os atos terroristas contra as sedes dos três poderes em Brasília e, pelo visto, o presidente terá de lidar com a horda bolsonarista onde quer que esteja.
A coluna de Jamil Chade no UOL diz que grupos bolsonaristas estão organizando protestos contra a comitiva do presidente brasileira durante sua visita aos EUA. Em Washington, onde ocorrerá o encontro amanhã, Lula será hospedado na Blair House, local que o governo dos EUA destina aos chefes de Estado que visitam Biden.
O Palácio do Planalto foi informado pelas autoridades americanas que elas serão “rigorosas” em relação à segurança.
Segundo Chade, tanto os EUA como o Palácio do Planalto estão monitorando a convocação dos protestos por parte de grupos bolsonaristas nas diferentes redes sociais. Mas a interpretação é de que não haveria risco elevado. Mesmo assim, Lula foi convencido a ficar na residência recomendada pela Casa Branca, abandonando a ideia de uma hospedagem num hotel da cidade.
Redação ICL Economia
Com informações do portal de notícias UOL