O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central começa, nesta terça-feira (17), mais uma reunião para definir o futuro da taxa básica de juros, a Selic. Se os prognósticos do mercado financeiro forem confirmados, o colegiado deve anunciar aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, que passará, então, dos atuais 10,50% para 10,75% ao ano, uma das mais altas do mundo.
Essa decisão coloca a autoridade monetária brasileira na contramão do mundo, pois os bancos centrais das maiores economias começam a afrouxar suas políticas monetárias. Deve ser o caso, por exemplo, do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), que pode anunciar amanhã um corte de 0,25 p.p. nos juros, o primeiro em mais de quatro anos.
Por aqui, a economia brasileira segue registrando bons indicadores econômicos. Em agosto, por exemplo, houve deflação, enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre liderou a lista dos maiores crescimentos dos países do G20 (fórum internacional das maiores economias do mundo, mais União Europeia e União Africana).
Mas, como dizem os economistas e apresentadores do ICL Mercado e Investimentos, Deborah Magagna e André Campedelli, notícia boa na economia brasileira sempre vira notícia ruim para a Faria Lima. E com a apoio da grande mídia.
“De novo, a narrativa continua sendo a mesma: o Brasil está crescendo acima do esperado, mais do que o seu potencial. Acabei de ver uma matéria [reportagem] agora falando que o potencial de crescimento do Brasil sem gerar inflação é de 2%. Meu Deus, gente! Então a gente está fadado a ter ‘pibinho’, a ter PIBs muito baixos para o resto da vida, pois se a gente consegue crescer acima de 2% vai gerar inflação?”, criticou André Campedelli na edição de ontem (16) do ICL Mercado e Investimentos, quando saiu o Boletim Focus do Banco Central, no qual o mercado financeiro, pela nona vez seguida, elevou a perspectiva de inflação para este ano. Além disso, prevê que a Selic termine o ano em 11,25%.
O economista lembrou que, se o Copom elevar a Selic amanhã, a decisão não vai solucionar um problema pontual pelo qual o país tem atravessado, que são as questões climáticas, com os incêndios criminosos que estão ocorrendo por todo o país. “A taxa Selic não consegue fazer chover e melhorar o clima”, disse o economista.
Deborah Magagna comentou editorial da Folha que diz: “Com alta dos juros, BC precisa ajustar a mensagem” e uma coluna do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles que vai na mesma direção do editorial.
“Na quinta-feira, se a Selic subir na quarta e a taxa de juros dos Estados Unidos cair, a gente vai ver entrar capital especulativo [no Brasil] para ganhar com a nossa Selic mais alta. Mas não só isso. O mercado está usando isso como instrumento de pressão. Então a gente vai ver esse movimento acontecer como aconteceu quando as expectativas foram criadas lá atrás”, avaliou Deborah.
Assista ao comentário completo dos economistas no vídeo abaixo:
Redação ICL Economia
Com informações do ICL Mercado e Investimentos