A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), anunciou na quarta-feira (11) a composição de sua equipe de secretários, com “representantes da UnB, PUC-Rio, Insper, Unicamp, fora toda a experiência internacional. Procurei também nessa diversidade trazer linhas de pensamento econômico diferentes, que vão fazer com que a gente possa chegar em um denominador comum e não errar”, disse. Simone Tebet é uma das 11 mulheres que compõem o governo Lula. Em seu discurso de posse, Tebet reforçou que há divergências entre ela e a equipe econômica, mas que se somam no final.
Além de ressaltar “as linhas de pensamento econômico diferentes”, no momento de seleção dos nomes dos secretários, Simone Tebet reforçou que prega harmonia com os ministros da Gestão, Esther Dweck, e da Fazenda, Fernando Haddad. “Tanto o Ministério da Fazenda quanto o Ministério da Gestão e Inovação abriram as portas, nós estamos trabalhando em total sinergia”, afirmou. “Não significa que vamos ter coincidência de ideias, que não vai haver debates, já tivemos discussões de algumas portarias, alguns decretos, é assim que funciona. Não tem nada a ver com questão ideológica ou muito menos partidária”, disse a ministra do Planejamento.
O anúncio da equipe foi feito no prédio do Ministério do Planejamento, em Brasília. Durante a apresentação, Simone Tebet ressaltou a complementaridade dos nomes escolhidos e falou que, em seu “coral”, a partitura maior está com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Foram anunciados: Paulo Bijos para a secretaria de Orçamento Federal, Leany Ramos para a de Planejamento, Gustavo Guimarães para a secretaria-executiva, Sergio Firpo para a de monitoramento e avaliação de políticas públicas e Renata Amaral para a de assuntos econômicos, desenvolvimento, financiamento externo e integração nacional (veja abaixo mais detalhes sobre os nomes anunciados).
Ministra do Planejamento promete elaboração de um plano plurianual para os próximos quatro anos, com monitoramento periódico
Segundo Simone Tebet, haverá a elaboração de um plano plurianual para os próximos quatro anos e citou a importância de monitoração periódica das ações que estão sendo implementadas pelos demais ministérios. “Aqui é um corpo técnico, portanto, as decisões primeiro são técnicas”, disse Tebet. “Depois uma análise política junto com a Casa Civil, com os demais ministérios, nós vamos estar sempre discutindo as relevâncias e as prioridades das políticas públicas para levar à decisão final do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.”
Na última quarta-feira (4), Tebet havia sinalizado dificuldade para contratar mulheres pretas para sua equipe. Presente na posse da emedebista, um dia depois, a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, evitou polêmicas, mas acrescentou que falou com ela sobre o assunto.
Simone Tebet ainda explicou que está conversando com oito mulheres e homens negros e citou que gostaria da diretora da IFI (Instituição Fiscal Independente), Vilma Pinto, em sua equipe.
“A igualdade de gênero se faz presente, agora falta a igualdade racial. Nós estamos conversando com oito mulheres e homens que possam estar se somando conosco.”
“Estamos conversando muito também com outras pastas, ministério da Igualdade Racial, Anielle está nos ajudando. O grupo ‘Elas no Orçamento’ tem nos ajudado em relação a alguns currículos”, complementou. Segundo ela, o objetivo é ter “o Brasil aqui dentro do Ministério do Planejamento.”
Além da dificuldade para incluir as profissionais na área de orçamento, também é complicado trazer mulheres para outros setores, como o de tecnologia. Uma pesquisa da edtech Gama Academy também que 54% das empresas têm dificuldades para contratar mulheres na área de tecnologia. A 8ª edição do estudo Tech Jobs Report, que entrevistou mais de mil pessoas, realizou um mapeamento de vagas na área tecnológica, com dados relevantes para o ano de 2023.
Segundo o levantamento, as maiores dificuldades encontradas pelas empresas na contratação de profissionais que se consideram mulheres são: falta de qualificação (55%), ausência de habilidades técnicas (54%), qualificação em soft skills (42%), desistência do processo seletivo (36%) e falta de salários e benefícios competitivos (32%). A pesquisa permitiu que os entrevistados respondessem mais de uma opção.
Nomes anunciados para a equipe de Simone Tebet:
GUSTAVO GUIMARÃES
SECRETÁRIO-EXECUTIVO
O secretário-executivo será Gustavo Guimarães, ex-secretário de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria do Ministério da Economia e também ex-secretário especial adjunto de Fazenda. Ele atuava como secretário parlamentar no Senado desde janeiro de 2022. Guimarães veio cedido do Banco Central e também já trabalhou no Banco do Brasil.
Economista com especialização em estatística, fez doutorado em Economia na UnB (Universidade de Brasília) e estágio na Universidade de Columbia (EUA).
PAULO BIJOS
SECRETÁRIO DE ORÇAMENTO FEDERAL
Para secretário de Orçamento Federal, Tebet anunciou Paulo Bijos. Ele atuava como consultor de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados desde 2016. Além disso, já trabalhou como consultor de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado.
Doutorando em Ciência Política pela UnB, trabalhou como auditor federal de controle externo no TCU (Tribunal de Contas da União) e como conselheiro substituto no TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo). “É a pasta dos nãos”, brincou Tebet.
LEANY LEMOS
SECRETÁRIA DE PLANEJAMENTO
A secretária de Planejamento será Leany Lemos, que desempenhou a mesma função até junho de 2020 no primeiro mandato de Eduardo Leite no governo do Rio Grande do Sul.
Por indicação de Leite, ela ocupou a presidência do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul). Ela assumiu o cargo em dezembro de 2020 e foi a primeira mulher a ocupar o posto. Antes, Lemos ocupou o mesmo cargo no Distrito Federal durante o governo de Rodrigo Rollemberg (PSB).
Servidora de carreira do Senado, Lemos é cientista política, com mestrado e doutorado pela UnB e tem pós-doutorado pelas Universidades de Oxford e Princeton.
SERGIO FIRPO
SECRETÁRIO DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Sergio Firpo, economista do Insper, comandará a secretaria de Monitoramento e Avaliação para o Aperfeiçoamento de Políticas Públicas.
Firpo é coordenador do Centro de Ciência de Dados do Insper. Especialista em economia do trabalho, da educação e política e em desenvolvimento econômico, ele foi professor assistente na Universidade da Columbia Britânica e na PUC-Rio, além de ter sido professor associado da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Firpo é um dos idealizadores do Ifer (Índice Folha de Equilíbrio Racial), da Folha de S.Paulo, indicador que mede a exclusão de negros em educação, renda e sobrevida, feito em parceria com os também economistas Michael França e Alysson Portella.
RENATA AMARAL
SECRETÁRIA DE ASSUNTOS ECONÔMICOS, DESENVOLVIMENTO, FINANCIAMENTO EXTERNO E INTEGRAÇÃO NACIONAL
Renata Amaral será secretária de Assuntos Econômicos, Desenvolvimento, Financiamento Externo e Integração Nacional. Ela atuou em órgãos multilaterais como a OMC (Organização Mundial do Comércio).
“Renata tem ligação nos pontos-chave, vai ajudar inclusive agora que temos a oportunidade pela primeira vez de ter um brasileiro presidente do BID [Ilan Goldfajn]. Muitos recursos poderão vir de lá, especialmente para os municípios mais carentes, com linha de financiamento, e também para os nossos Estados”, afirmou Tebet.
Amaral é professora de comércio internacional na faculdade de direito da American University Washington College of Law, tem doutorad em direito pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e PhD pela Universidade de Maastricht, na Holanda.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias