De olho nas boas perspectivas de crescimento da economia brasileira, o Mubadala Capital, braço de investimentos do fundo soberano de Abu Dhabi, disse que vai investir mais de US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões) por ano para expandir seus negócios no Brasil, o que inclui uma refinaria de petróleo até uma concessão rodoviária.
O Mubadala atua há mais de uma década no Brasil, onde chegou para investir nos negócios de commodities do então bilionário Eike Batista. Desde então, o total investido chega a mais de US$ 5 bilhões.
Em entrevista à imprensa nesta semana, Oscar Fahlgren, presidente do braço de investimentos no Brasil, disse que a escala e o potencial de retorno fazem do país o lugar mais atraente na América do Sul.
“O PIB [Produto Interno Bruto] está crescendo mais do que o esperado e temos visto estabilidade política desde que a nova administração assumiu”, disse ele, por videoconferência. “O clima na comunidade internacional ficou mais favorável ao Brasil.”
Por aqui, o Mubadala comprou a Refinaria Landulpho Alves, na Bahia. Há informações de que a venda, durante a gestão anterior, tenha ocorrido por um preço muito abaixo do valor de mercado. O negócio teria ocorrido no mesmo período em que joias, avaliadas em R$ 16,5 milhões, foram dadas de presente pelo governo dos Emirados Árabes Unidos ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
No Brasil, a empresa tem focado seus investimentos em negócios problemáticos, mas que, ao mesmo tempo, contenham atrativos.
Além da refinaria, o Mubadala também possui uma concessão rodoviária no estado de São Paulo e a produtora de etanol Atvos, ambas adquiridas da Odebrecht após a operação Lava Jato.
Também é dona da Acelen, empresa que criou para operar a refinaria de Mataripe e, recentemente, assinou com a Petrobras um acordo para avaliar uma unidade de biodiesel e combustível para aviação sustentável na refinaria.
Mubadala Capital acaba de fechar segundo fundo específico para o Brasil, com mais de US$ 710 mi
Com um total de US$ 20 bilhões sob sua gestão, o Mubadala Capital acaba de fechar um segundo fundo específico para Brasil, com mais de US$ 710 milhões, mais que o dobro do primeiro veículo de investimento.
Na videoconferência, Oscar Fahlgren disse que a empresa deve começar a captar para um fundo maior ainda em 2024.
Do valor total sob sua gestão, cerca de dois terços provêm de terceiros investidores externos. A empresa continua a procurar investimentos oportunos em ativos em dificuldades.
Os próximos passos nessa direção podem incluir empresas de varejo em dificuldades, o desenvolvimento de uma nova bolsa de valores para competir com a B3 ou mesmo a criação de uma nova liga de futebol no Brasil.
A perspectiva de ingresso dos Emirados Árabes Unidos no Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) provavelmente aumentará os fluxos de capital entre os países membros, segundo ele.
Sobre os negócios no setor de petróleo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já deu várias declarações nas quais defendeu que Petrobras recompre as refinarias que ela negociou durante o governo do ex-presidente Bolsonaro. Segundo Silveira, a reestatização “dentro das regras de mercado” garantiria o abastecimento de combustíveis ao país com preços razoáveis.
Oscar Fahlgren não quis comentar se há negociações em andamento nesse sentido. “Somos uma empresa de investimento internacional. Em princípio, sempre manteríamos uma conversa sobre todos e quaisquer dos nossos ativos, se isso fizer sentido para nossos investidores e para nós como empresa”, disse.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e da Folha de S.Paulo