Moody’s eleva nota de crédito do Brasil com ‘rating’ positivo; Haddad vê retomada do grau de investimento até o fim do governo

Agência argumentou que a elevação da nota brasileira reflete a melhora significativa no crédito do país, incluindo um crescimento mais robusto do PIB e um histórico crescente de reformas econômicas e fiscais.
2 de outubro de 2024

Pelo critério da agência de classificação de risco Moody’s, o Brasil está a um passo do grau de investimento. Ontem (1º), a agência elevou a nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1, com perspectiva positiva.

A nova classificação ainda indica um “grau especulativo” — o que, segundo as agências de risco, aponta que o Brasil está menos vulnerável ao risco no curto prazo, mas segue enfrentando incertezas em relação a condições financeiras e econômicas adversas.

Em maio, a Moody’s havia anunciado a manutenção da nota de crédito do Brasil em nível Ba2 e a mudança da perspectiva da avaliação de “estável” para “positiva”, sinalizando uma possível elevação da nota no futuro.

A Moody’s argumentou que a elevação da nota brasileira reflete a melhora significativa no crédito do país, incluindo um crescimento mais robusto do PIB (Produto Interno Bruto) e um histórico crescente de reformas econômicas e fiscais, principalmente a aprovação da reforma tributária do consumo.

A mudança, segundo a Moody’s, ocorre apesar de o arcabouço fiscal do Brasil ainda ter “credibilidade moderada”, como refletido no “custo relativamente elevado da dívida” pública.

“Em contrapartida, um crescimento mais robusto e uma política fiscal com adesão consistente ao arcabouço fiscal permitirão que a carga da dívida se estabilize no médio prazo, embora em níveis relativamente altos”, afirmou a agência.

Em relação à manutenção da perspectiva positiva, a Moody’s disse que isso reflete a possibilidade de que o crescimento econômico e o cumprimento do arcabouço fiscal ajudem a reduzir a incerteza em torno da trajetória da dívida do Brasil.

A reforma tributária foi apontada como “uma reforma estrutural notável que irá melhorar o ambiente de negócios e a alocação de recursos, contribuindo para o potencial de crescimento a longo prazo”.

Sobre a nota da Moody’s, Haddad diz que, se governo “não baixar a aguarda”, pode atingir o grau de investimento

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou ontem a nota da Moody’s. Ele disse que, se o governo continuar “sem baixar a guarda” nas contas públicas, será possível conquistar o grau de investimento (“selo” de bom pagador) ainda no atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Haddad frisou que será possível fazer “ajuste fiscal sem penalizar a população mais pobre”. “Se o governo compreender que vale a pena esse esforço e continuarmos sem baixar a guarda em relação às despesas, às receitas, nós temos a chance de completar o mandato do presidente Lula, reobtendo o grau de investimento”, disse o ministro.

“O crescimento é muito importante para a economia, sobretudo com a inflação controlada, porque é ele que permite você fazer um ajuste fiscal sem penalizar a população mais pobre, sem ter a necessidade de tomar medidas de austeridade. Mas há um trabalho a ser feito no campo da despesa e no campo da receita que pode nos permitir reequilibrar as contas, voltar a baixar a taxa de juros e conseguir o grau de investimento”, acrescentou.

Outras agências, como a Fitch Ratings e a Standard & Poor’s (S&P), ainda mantêm a classificação para o Brasil com a nota de crédito BB, com perspectiva “estável”, o que coloca o país em um grau especulativo, mas a dois passos do grau de investimento.

Já o grau de investimento corresponde a um selo de bom pagador, que assegura aos investidores um menor risco de calotes. Na história, o único período em que o país obteve selo de bom pagador foi entre os anos 2008 e 2015, ou seja, no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Por que a elevação da nota de crédito é boa para o Brasil

Com a elevação da nota, o Brasil está a um passo de retomar o grau de investimento pela Moody’s. Isso seria um marco importante, pois, uma vez conquistado, grandes fundos de investimento internacionais, que hoje estão proibidos de investir em países sem essa classificação, voltariam a direcionar recursos ao Brasil.

Além disso, a melhora na percepção de risco tende a baixar os juros que o país paga para captar recursos no mercado internacional, o que pode reduzir a dívida pública e aumentar os investimentos em áreas prioritárias.

Um grau de investimento também fortalece a confiança interna, com impactos positivos no crédito e no consumo. Empresas brasileiras poderão acessar linhas de financiamento mais baratas, ampliando seus investimentos e, consequentemente, gerando mais empregos e crescimento econômico.

 

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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