O que é o Boletim Focus? Saiba como o atraso na sua divulgação tem impactado no mercado

Além do Boletim Focus, a greve dos servidores do BC também atrasa a divulgação dos relatórios de crédito
23 de maio de 2022

Nesta segunda (23), completam-se 21 dias sem divulgação do Boletim Focus pelo Banco Central (BC). O relatório costuma trazer as perspectivas do mercado financeiro com os principais dados macroeconômicos do país. Mesmo em greve, os funcionários do BC afirmam que continuam a trabalhar em esquema de operação-padrão e a fazer paralisações diárias, das 14h às 18h, como protesto.

“O Banco Central (BC) não divulgará o relatório semanal Focus nesta segunda-feira (23) novamente devido à continuidade da greve dos servidores da autarquia. Oportunamente, informaremos com 24 horas de antecedência as novas datas para as divulgações”, disse a autoridade monetária, em nota enviada anteriormente.

O BC chegou a voltar a publicar o relatório e divulgar as edições atrasadas, após a suspensão da greve, em 19 de abril, mas a mobilização foi retomada no começo do mês. A paralisação dos servidores do BC começou no dia 1º de abril por reajustes salariais e mudanças na carreira.

Boletim Focus traz as previsões de analistas e economistas do mercado financeiro

Sem o Boletim Focus, não há previsões das perspectivas de inflação, dólar e taxa de juro, de analistas e economistas do mercado financeiro, colhidas e analisadas pelo Banco Central. O documento também traz prévia da atividade econômica do Produto Interno Bruto (PIB).

“Ficar sem esses dados é preocupante. A próxima divulgação do Boletim Focus deve vir com bastante defasagem”, explica a economista do ICL Economia, Deborah Magagna, durante entrevista ao ICL Notícias.

Além do Boletim Focus (pesquisa semanal com instituições financeiras), o BC também atrasou a divulgação dos relatórios de crédito —que revelam os juros médios das operações de crédito— e do setor externo (balanço das transações do Brasil com o exterior).

O resultado da Pesquisa Pré-Copom também sofre com os atrasos. Diante do atraso dos dados, o setor financeiro fica sem guia. Deborah explica que o relatório também é um instrumento para pressionar o Banco Central a seguir suas vontades. “E a taxa de juros é a principal”, afirma a economista. Ela fala que o documento serve também, em período de eleição, para pressionar a política da equipe econômica de um próximo Governo.

O BC afirma que os relatórios, notas e indicadores pendentes de divulgação ou programados serão divulgados “o mais cedo possível”.

Sem boletim Focus, corretora divulga pesquisa

Sem a divulgação do Boletim Focus, o mercado financeiro deu um jeito. Uma grande corretora divulgou uma pesquisa na semana passada, colocando a taxa Selic em 13,65% ao ano. “A justificativa é o risco fiscal, embora o Brasil esteja com superávit e redução de sua dívida pública. É algo curioso. Que risco fiscal é esse? O mercado financeiro continua batendo nessa tecla há anos exatamente para pressionar a taxa de juros para cima independentemente do nosso desempenho. É interessante ao mercado que essa taxa suba”, analisa Deborah.

Para finalizar, a economista ressalta que o governo atingiu, sim, o superávit, mas que não houve melhora na vida das pessoas. “O que o superávit fiscal trouxe, de concreto, para a realidade do brasileiro? O País ainda registra desemprego e inflação galopantes”, diz Deborah Magagna.

Redação ICL Economia
Com informação do ICL Notícias e das agências

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