A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu nesta quarta-feira (8) sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano, de 1,4% para 0,6%. Isso significa que a economia brasileira deverá crescer apenas um quinto da média mundial, estimada em 3%.
A revisão do PIB do Brasil ocorre dias após de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar que o PIB do Brasil cresceu 1,0% no primeiro trimestre. Apesar da alta, o resultado do PIB do Brasil ficou abaixo da expectativa do mercado e foi considerado fraco devido à sua qualidade, já que foi puxado pelo setor de serviços e pelas exportações, com o consumo das famílias e a atividade industrial estagnados.
O PIB do Brasil vai crescer menos em 2022 do que de vários países da América Latina, como a Colômbia (6,1%), Argentina (3,6%) e México (1,9%), segundo as estimativas da OCDE.
A entidade também revisou para baixo a expectativa para o PIB do Brasil em 2023, de 2,1% para 1,2% — em linha com o mercado e o Banco Mundial. Os novos dados foram divulgados no relatório de perspectivas econômicas da OCDE.
Para a OCDE, depois da recuperação do PIB do Brasil em 2021, o crescimento econômico do Brasil deve desacelerar significativamente em 2022 e se recuperar em 2023. “O aumento da inflação, a guerra na Ucrânia e as condições financeiras mais apertadas corroeram o sentimento econômico e o poder de compra, o que deve afetar fortemente a demanda doméstica no primeiro semestre de 2022″.
A OCDE ressalta que, apesar de as exportações brasileiras de commodities estarem ganhando força, a inflação alta — que deve atingir 9,7% neste ano, nos cálculos da organização — impede a expansão do consumo, afetando o desempenho da economia.
Para OCDE, deterioração do clima econômico é uma das causas da redução na projeção do PIB do Brasil
Segundo a organização, em razão da deterioração do clima econômico no Brasil, as previsões de crescimento são limitadas neste ano e no próximo. A inflação e o aperto monetário, com aumento dos juros, restringem a demanda doméstica e externa. A instituição observa que a recuperação do mercado de trabalho brasileiro tem sido lenta, com a taxa de participação e de rendas reais abaixo dos níveis pré-pandemia, o que é insuficiente para compensar o fim do auxílio emergencial durante a pandemia e a alta nos preços, diz o estudo.
O relatório diz que a Selic deve subir até 13,25% e permanecer neste patamar até o início de 2023 e então diminuir lentamente ao longo do ano, à medida que os efeitos defasados dos aumentos recentes são finalmente sentidos”. O mercado, no entanto, projeta que o Banco Central terá de continuar o ciclo de alta de juros devido à persistência das pressões inflacionárias. Para os economistas do ICL André Campedelli e Deborah Magagna esse aumento na Selic pode trazer como consequência exatamente uma piora no cenário econômico, com dificuldade na obtenção do crédito por parte das empresas e redução dos postos de trabalho, por exemplo.
A corrida presidencial no fim do ano também adiciona incertezas ao cenário e ajuda a manter o investimento moderado até 2023, segundo a organização.
Com o aumento de preços de alimentos e energia em meio à guerra da Rússia na Ucrânia, a OCDE defende programas sociais para proteger a população mais vulnerável e diz que são necessários esforços adicionais para melhorar o direcionamento e eficácia dos gastos públicos, “para permanecer consistente com uma gestão fiscal sólida”.
Na avaliação da entidade com sede em Paris, gastos públicos mais eficientes permitiriam “fortalecer o quadro fiscal no médio prazo, o que criaria espaço para investimentos públicos produtivos e ajudas sociais bem direcionadas, além do reforço da confiança dos investidores.”
Redação ICL Economia
Com informações do Portal G1 e da Infomoney