OIT: 2 milhões de pessoas no mundo perderão seus empregos em 2024

Relatório do organismo internacional estima ligeiro avanço no desemprego mundial, de 5,1% para 5,2% este ano. Em relação à produtividade, o Brasil destoou positivamente de seus pares na América Latina e Caribe.
10 de janeiro de 2024

A OIT (Organização Mundial do Trabalho) divulgou, nesta quarta-feira (10), que estima ligeiro avanço no desemprego mundial, de 5,1% para 5,2%, em 2024. Essa diferença representa 2 milhões de pessoas dentro da população economicamente ativa ao redor do mundo.

As estimativas estão no relatório Cenário Mundial de Emprego e Social 2024, com tendências mundiais de emprego e perspectivas sociais.

Entre 2022 e 2023, a taxa de desemprego passou de 5,3% para 5,1%, ou seja, houve leve queda.

“Estamos projetando uma queda modesta no desempenho dos mercados de trabalho, em parte porque o crescimento está desacelerando em todo o mundo”, disse Richard Samans, diretor do departamento de pesquisa da OIT.

O relatório aponta que a recuperação do mercado de trabalho após a pandemia de Covid-19  continua desigual, pois fragilidades e múltiplas crises estão deteriorando as perspectivas de maior justiça social.

Nesse aspecto, há desigualdade de recuperação entre países de rendimentos mais elevados e mais baixos.

Embora a taxa de disparidade no emprego – uma ponderação do número de pessoas sem emprego que estão interessadas em encontrar uma vaga – em 2023 fosse de 8,2% nos países de renda alta, situava-se em 20,5% no grupo de nações de rendimentos baixos.

Assim, embora a taxa de desemprego em 2023 persistisse em 4,5% no primeiro grupo, estava em 5,7% no segundo grupo de países.

Somado a isso, o organismo internacional também aponta que a pobreza no trabalho deve persistir este ano. Apesar de ter diminuído rapidamente após 2020, o número de trabalhadores que vivem em pobreza extrema (ganhando menos de US$ 2,15 dólares por dia ou pouco mais de R$ 10) cresceu cerca de 1 milhão em 2023.

Além disso, as taxas de informalidade no mercado de trabalho permanecem inalteradas, representando cerca de 58% da força de trabalho mundial em 2024.

OIT: produtividade brasileira destoa positivamente dos países da América Latina e Caribe

Embora não tenha crescido, a produtividade do trabalho no Brasil cresceu no período de 2015 a 2023, na contramão da maioria dos países da América Latina e Caribe, nos quais o indicador caiu majoritariamente.

De acordo com o relatório da OIT, no período analisado, a produtividade do trabalho no Brasil avançou 0,1% ao ano, enquanto recuou 1,7% anuais na Argentina e 0,4% no México, por exemplo. A queda média na região da América Latina e Caribe foi de 0,5% ao ano no período.

Contudo, quando comparada com os países de alta renda, a produtividade no Brasil destoou negativamente no período analisado.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a produtividade do trabalho cresceu 1% ao ano, enquanto no Canadá avançou 0,4% anuais na mesma comparação.

Para a OIT, o fraco crescimento da produtividade tem sido uma questão antiga e complexa na América Latina e no Caribe, com vários fatores subjacentes que podem explicar o desempenho, como regulação excessiva, fraco investimento em infraestrutura e sistemas fiscais complexos.

Outro aspecto apontado é a qualidade do trabalho na região. Há prevalência do setor informal, nomeadamente nos serviços e nas zonas rurais, reduzindo o crescimento da produtividade global.

Além disso, a situação é agravada pela predominância das micro e pequenas empresas, que normalmente apontam menor crescimento de produtividade.

Pouco emprego em países de renda média e alta

O relatório afirma ainda que, nos próximos dois anos, há previsão de pouco ganho de emprego entre os países de renda média a alta, mas que os ganhos de emprego nos países de renda baixa e média-baixa permanecerão robustos.

“A situação é particularmente preocupante nos países de alta renda, onde se espera que o crescimento do emprego se torne negativo em 2024 e apenas melhorias modestas são previstas em 2025”, disse a OIT.

Redação ICL Economia
Com informações da agências de notícias e do InfoMoney

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