Encerradas as eleições municipais de 2024, é hora de fazer as contas. O MDB e o PSD, partidos da ala conservadora do país, vão administrar um total de R$ 489 bilhões por ano, valor que se refere aos orçamentos municipais. Essas legendas, que têm como representantes, respectivamente, o prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes, e o cacique da direita no país, Gilberto Kassab, são as duas grandes vencedoras do pleito.
Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, as duas siglas, juntas, controlarão mais de um terço do caixa (38%) das prefeituras brasileiras a partir do próximo ano, valor que corresponde a quase meio trilhão de reais, como salientou o economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira, na edição desta segunda-feira (28) do ICL Notícias 1ª edição.
Segundo Moreira, não dá para “respirar aliviado” dizendo que a extrema-direita perdeu. Ele mencionou que, em Porto Alegre, Sebastião Melo, do mesmo MDB de Nunes, também foi reeleito com uma margem considerável de votos (61,53% ante 38,47%) contra Maria do Rosário, do PT.
“Como vai ser a questão do clima no Brasil nos próximos anos com meio trilhão de reais com o PSD e o MDB por ano? Hoje a gente tem impressão de que acabou o problema, porque o fogo apagou, mas não”, disse Moreira.
Ele se refere ao fato de que foi sob a gestão Melo que Porto Alegre ficou debaixo d’água depois das fortes chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul em maio, reforçando que a agenda do clima não é prioridade desses partidos.
Por isso, não dá para o PT e demais partidos de esquerda respirarem aliviados, pois o PT só venceu em Fortaleza (Ceará) com Evandro Leitão, mas por uma margem muito apertada contra o candidato bolsonarista, André Fernandes (PL).
Para a análise dos dados, a Folha usou as receitas brutas de orçamento informadas pelos municípios nas Declarações de Contas Anuais (DCA) do Tesouro Nacional, ligado ao Ministério da Fazenda.
O cenário considera apenas 5.433 cidades que enviaram dados de orçamento referentes a 2023 e que estão com resultado finalizado e válido pela Justiça Eleitoral.
Diferença entre MDB e PSD nos orçamentos municipais é de ‘apenas’ R$ 20 bilhões
A diferença entre PSD e MDB nos orçamentos é R$ 20 bilhões. O MDB irá comandar R$ 254 bilhões dos orçamentos municipais (19,7%), enquanto a fatia do PSD será de R$ 234 bilhões (18,1%).
Boa parte da fatia do MDB vem da cidade de São Paulo. Nunes, que derrotou Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno, comandará um orçamento de R$ 107 bilhões, o maior do país. O montante representa 42% de tudo que estará sob decisão da sigla.
Além de São Paulo e Porto Alegre, ficam sob responsabilidade do partido as capitais Boa Vista (Roraima) e Macapá (Amapá), que, juntas, representam R$ 22 bilhões.
O PSD, que conquistou o maior número de prefeituras do país (900 no total), também controla grandes orçamentos. Um terço do montante do partido de Kassab vem de cinco capitais, sendo o Rio de Janeiro a maior delas – R$ 46 bilhões foi o orçamento de 2023.
A cidade será novamente comandada por Eduardo Paes, reeleito no primeiro turno com 60,5% dos votos válidos (1.861.856 votos).
Além de Paes, foram reeleitos pelo PSD em capitais Eduardo Braide, em São Luís (Maranhão), Topázio Neto, em Florianópolis (Santa Catarina), Fuad Noman, em Belo Horizonte (Minas Gerais), e Eduardo Pimentel, em Curitiba (Paraná). Juntas, essas capitais somam uma receita bruta anual de R$ 42 bilhões.
Outras orçamentos robustos sob gestão do PSD estão nas cidades paulistas São José dos Campos, R$ 4,7 bilhões, e Ribeirão Preto, R$ 4,6 bilhões, além de Londrina (PR), com R$ 3,7 bilhões.
PL e PT
O PL do ex-presidente Jair Bolsonaro garantiu a terceira maior parcela da divisão do orçamento para o próximo ano, no valor de R$ 163 bilhões.
O partido conquistou quatro capitais, com as reeleições no primeiro turno de Tião Bocalom, em Rio Branco (Acre), e João Henrique Caldas, o JHC, em Maceió (Alagoas), além das vitórias em segundo turno do deputado federal Abilio Brunini, em Cuiabá (Mato Grosso), e da vereadora Emília Corrêa, em Aracaju (Sergipe).
A maior parte do orçamento a ser controlada pelo PL não vem de capitais, mas de cidades de médio e grande porte do interior paulista, como São José do Rio Preto e Mogi das Cruzes, Saquarema (RJ), Itajaí (SC) e Blumenau (SC).
Enquanto isso, o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandará 4,7% dos caixas das prefeituras, com R$ 60 bilhões.
Veja o comentário de Eduardo Moreira no vídeo abaixo:
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo e do ICL Notícias 1ª edição