Datafolha mostra que para 69% dos brasileiros existe corrupção no governo Bolsonaro

Índice revela que os 30 dias de campanha para reeleição do presidente não tiveram qualquer efeito na percepção dos eleitores
23 de setembro de 2022

A pesquisa Datafolha desta semana sobre as eleições levantou também a percepção dos brasileiros sobre a corrupção na gestão de Jair Bolsonaro (PL). Segundo os dados, 69% acreditam que existe corrupção no governo.

A pesquisa foi apurada entre terça-feira (20) e essa quinta (22). O levantamento, divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo, questionou os 6.754 eleitores ouvidos em 343 cidades acerca de sua percepção sobre a lisura do governo federal. O resultado mostra efeito mínimo dos quase 30 dias de propaganda obrigatória de rádio e TV: em julho, 73% achavam que havia corrupção.

Houve uma oscilação para baixo, mas no limite da margem de erro, de dois pontos percentuais para mais ou menos. Quando o Datafolha fez a mesma pergunta em julho de 2021, o índice era igual ao atual, 70%.

O movimento é idêntico entre aqueles que acreditam não haver corruptos no governo: eram 23% no ano passado, 19% na rodada anterior e, agora, 23% novamente. Não souberam opinar 8% (7% em 2021, 8% em julho).

Pilar da imagem que projetou Bolsonaro da obscuridade na Câmara dos Deputados à Presidência em 2018, muito devido ao clima de rejeição à política tradicional inspirado pelas revelações da Operação Lava Jato, o combate à corrupção voltou à campanha do presidente.

Bolsonaro mente sobre corrupção

Sempre que tem oportunidade, como no discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU nesta semana, Bolsonaro diz que “extirpou a corrupção no país” e tenta associar as práticas aos anos do PT no poder, mirando o líder na corrida Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente foi obrigado a modular o discurso, não só porque ajudou a patrocinar o enterro da Lava Jato ao indicar um aliado para a Procuradoria-Geral da República, mas também porque os casos de corrupção envolvendo sua família e seu governo abundaram ao longo desses anos de gestão.

No âmbito familiar, casos como o das “rachadinhas”. No administrativo, traficâncias no Ministério da Saúde envolvendo vacinas e o escândalo dos pastores do MEC são alguns dos casos mais notórios.

Tendo sido obrigado a se livrar do ministro da Educação, Bolsonaro passou a dizer que acabou com o problema de forma sistêmica —para diferenciar seus problemas daqueles do PT, já que o petrolão e o mensalão eram esquemas destinados a ajudar manter o partido no poder.

A percepção de que há corrupção é, de forma natural, maior entre os 44% que consideram o governo ruim ou péssimo: neste segmento, 93% apontam o problema.

A pesquisa do Datafolha foi contratada pela Folha e pela TV Globo, e seu registro no TSE tem o número BR-04180/2022.

Rede Brasil Atual

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