Como já mostrado pelos economistas do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), a disparada do dólar dias atrás não tem nada a ver com as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao patamar da taxa básica de juros, a Selic. Pesquisa Quaest divulgada na manhã desta quarta-feira (10) aponta que os brasileiros entrevistados também concordam com essa análise.
Para 53% dos entrevistados pela Quaest, as falas do presidente não provocaram o aumento recente da moeda norte-americana. Porém, outros 34% atribuem a falas do presidente a principal causa da valorização da divida, enquanto 13% não sabem ou não responderam.
A pesquisa ouviu 2 mil pessoas com 16 anos ou mais em 120 municípios entre os dias 5 e 8 de julho. A margem de erro do levantamento é de 2 pontos para mais ou para menos e o intervalo de confiança é de 95%. O levantamento foi encomendado pela Genial Investimentos.
Em várias entrevistas nos últimos dias, o presidente Lula criticou o movimento especulativo do mercado financeiro para o aumento da moeda, criticou o patamar atual da taxa Selic, em 10,50% ao ano, e disparou críticas à atuação de Roberto Campos Neto, presidente da autarquia alçado ao posto pelo ex-mandatário do país Jair Bolsonaro (PL). Isso porque Campos Neto vem adotando um comportamento político, que tem prejudicado a imagem do país diante de investidores nacionais e internacionais.
O dólar subiu 14,75% em 2024 e, desde maio, a alta é de 6%. Mas, conforme explicou a economista do ICL Deborah Magagna, em um mundo cheio de incertezas e com os juros altos nos Estados Unidos, há uma corrida pelos Treasuries, títulos da dívida dos Estados Unidos, considerados os mais seguros do mundo. E, no caso brasileiro, há também um movimento especulativo (veja a análise clicando aqui).
A mesma pesquisa mostra que 70% dos entrevistados acreditam que a recente alta do dólar vai afetar o preço dos alimentos e dos combustíveis no Brasil. Por outro lado, 18% acreditam que não e 7% não sabem ou não responderam.
De modo geral, o trabalho do presidente Lula é aprovado por 54% dos eleitores e reprovado por 43%, aponta pesquisa. Outros 4% não sabem ou não responderam.
O resultado indica que a aprovação voltou a se descolar da reprovação. Em maio, os percentuais eram de 50% e 47%, o que indicava empate técnico entre os dois indicadores.
Povo concorda com as críticas de Lula sobre os juros. Melhora percepção da economia pelos mais pobres
A pesquisa também questionou os eleitores se concordam ou discordam com as críticas de Lula à política de juros do BC. O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central é responsável por definir a Selic.
Do total de entrevistados, 66% concordam com as críticas de Lula à política de juros do Banco Central, enquanto 23% deles não concordam e outros 11% não sabem ou não responderam. A margem de erro do levantamento é de 2 pontos para mais ou para menos.
Entre os eleitores que votaram no petista no segundo turno da eleição presidencial em 2022, 77% concordam com as críticas. Entre os que votaram em Bolsonaro, o percentual é de 51% (a margem de erro nesses dois grupos é de 4 pontos percentuais).
O levantamento da Quaest também aponta uma melhora na percepção sobre a economia entre os que ganham até 2 salários mínimos (R$ 2.824).
Nesse grupo, a parcela dos eleitores que avaliam que a economia melhorou nos últimos 12 meses foi de 33%, em maio, para 37% em julho. Já a parcela que vê uma piora nesse período foi de 28% para 24%. A margem de erro é de 4 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Essas variações fazem com que a percepção de melhora na economia tenha ficado 13 pontos acima da de piora, uma diferença que não era alcançada desde outubro de 2023, primeiro ano do atual governo. Em fevereiro de 2024, os dois grupos (os que veem melhora e os que veem piora) chegaram a ficar empatados tecnicamente nessa faixa de renda.
Nas outras duas faixas de renda pesquisadas (de 2 a 5 salários mínimos e mais de 5 salários mínimos), a percepção de que a economia piorou nos últimos 12 meses segue maior.
No conjunto da população, a percepção ficou da seguinte forma:
- Para 36%, a economia piorou nos últimos 12 meses (era 38% em maio);
- Para 28%, a economia melhorou (era 27%);
- Para 32%, ficou do mesmo jeito (era 32%);
- 4% não sabem ou não responderam (era 3%).
O levantamento mostra ainda que:
- 63% dos eleitores avaliam que o poder de compra dos brasileiros é menor do que comparado um ano atrás (era 67% em maio);
- 61% que o valor das contas de água e luz subiu no último mês (era 62%)
- 44% considera que o preço dos combustíveis nos postos de gasolina subiu no último mês (era 48%);
- 70% têm a sensação de que o preço dos alimentos nos mercados subiu no último mês (era 73%).
Expectativa futura para economia
A pesquisa também perguntou qual a expectativa dos eleitores em relação à economia brasileira para os próximos 12 meses. O levantamento mostrou que:
- Para 52%, a economia vai melhorar (eram 48% em maio);
- 27%, que vai piorar (eram 30%);
- 18%, que vai ficar do mesmo jeito (era 19%);
- 4% não sabem ou não responderam (eram 3%).
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias