Falastrão como o chefe, Paulo Guedes diz “roubamos menos”, ao sugerir a Bolsonaro comparação com Lula

Fala do ministro ocorreu em contexto em que ele sugere a Bolsonaro elevar o sarrafo de todas as propostas feitas por Lula
28 de outubro de 2022

De cabo eleitoral, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem se tornado mercador de péssimas notícias na reta final da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. Falastrão como o chefe, Guedes cometeu uma tremenda gafe ontem (27), ao ser questionado sobre a promessa de isentar os trabalhadores com renda mensal de até R$ 6 mil do IRPF (Imposto de Renda Pessoa Física). Na resposta, Guedes disse: “Eu, se fosse o Bolsonaro, diria: ‘tudo o que o Lula fizer, eu faço mais. Por quê? Porque nós roubamos menos'”, afirmou. Percebendo o deslize, ele se corrigiu na sequência: “Nós não roubamos”.

A fala de Guedes ocorreu durante coletiva de imprensa na sede da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), onde participou de um evento. O conselho de Guedes vai na linha do que aconteceu com o Auxílio Brasil. O governo queria pagar R$ 200, o Congresso subiu para R$ 500 e, para não ficar por baixo, o Executivo decidiu pagar R$ 600.

No evento da ACSP, Guedes aconselhou o chefe a seguir a linha, subindo o sarrafo de todas as promessas feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está à frente nas pesquisas de intenção de votos. “Quem rouba não consegue pagar muito. Então, o que acontece? Se você pagar um salário mínimo de R$ 1.200, eu pago R$ 1.400. Se ele paga R$ 1.400, eu pago R$ 1.500. Se o Bolsa Família for de R$ 6 mil, eu pago R$ 7. Se você dá uma isenção, vira uma disputa política de ver quem chuta mais alto”, disse Guedes.

No entanto, nos quase quatro anos de mandato, o governo Bolsonaro não reajustou a tabela do Imposto de Renda , embora isso tenha sido uma promessa na campanha eleitoral de 2018. A proposta continua parada.

Ainda ontem, em videoconferência ao canal no Youtube da Suno, Guedes sugeriu que seu chefe ajuda a criar um clima de polarização no país e que, caso Lula saia vencedor no segundo turno, Bolsonaro voltaria nas próximas eleições para disputar com ele — renovando o risco de continuar com a divisão política.

“Se Bolsonaro ganhar esta eleição, o Lula se aposenta. O Bolsonaro não será reeleito, porque terá feito dois mandatos, então a próxima eleição já será uma eleição de centro, pacificada. Vai ser o Tarcísio, o Ratinho Junior, o Zema, e acabou a polarização no Brasil”, disse Guedes.

Depois, ele acrescentou que, caso o petista vença o pleito, vai lidar com um Congresso de centro-direita que lhe trará dificuldades. “E depois o Bolsonaro volta, para competir com Lula de novo. Então acho que quem quer sossego, quem quer paz agora, tem que dizer ‘olha, a esquerda já ficou [para trás].”

Vazadas na imprensa, propostas de Paulo Guedes jogaram banho de água fria na reta final da campanha

Nos últimos dias, partiu da pasta comandada por Guedes muitas notícias ruins para a campanha de Bolsonaro. Vazaram na imprensa dois pacotes de maldades encampados por Guedes que seriam encaminhados ao Congresso em um eventual segundo mandato de Bolsonaro.

O primeiro deles visa desvincular o reajuste do salário mínimo pela inflação passada, o qual passaria a ser corrigido pela inflação projetada, que corresponde a pelo menos a metade da inflação real. Desse modo, quem ganha o mínimo, como aposentados e pensionistas, perderia ainda mais o poder de compra.

Outro projeto de Guedes vazado, que atinge a classe média, prevê o fim das deduções de gastos com saúde e educação do Imposto de Renda da Pessoa Física. Mas vale lembrar que, ao longo do governo Bolsonaro, o trabalhador e o aposentado/pensionista já perderam bastante o poder de compra, quando foi modificada a política de reajuste do mínimo, excluindo o ganho real (acima da inflação) implementado pelo governo Lula.

Na entrevista coletiva na ACSP, Guedes insistiu que o salário mínimo será reajustado acima da inflação no ano que vem, e prometeu aumento real de cerca de 2% no salário dos servidores públicos, os quais ele já chamou de “parasitas”.

“Durante a pandemia, com o funcionalismo fazendo o trabalho de casa, com garantia de emprego e salário bem mais alto que o resto da população brasileira, eles deram uma contribuição. Agora que acabou a pandemia, nós estamos dizendo: vamos dar aumentos reais de salários, tanto os salários mínimos, quanto os aposentados e o funcionalismo”, disse Guedes.

Redação ICL Economia
Com informações do portal de notícias G1

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