Pesquisa alerta para insuficiência de comida em casa para 24% dos brasileiros

A aceleração da inflação agravou o problema nos últimos meses, com a disparada do preço dos alimentos
29 de março de 2022

Segundo pesquisa do Datafolha, um de cada quatro brasileiros não tem comida suficiente para alimentar a família em casa. A insegurança alimentar avança entre os mais pobres, ou seja, aqueles que dispõem até dois salários-mínimos. Nesta faixa, 35% consideraram a quantidade de comida em casa insuficiente. O Datafolha realizou 2.556 entrevistas em 181 municípios.

A insegurança alimentar é maior na região Nordeste, onde 32% dizem que tiveram menos comida do que o necessário nos últimos meses. O menor percentual ficou na região Sul (18%).

De acordo com o levantamento, 24% disseram que a comida foi insuficiente; outros 63% declararam que a quantidade foi suficiente; 13% afirmaram que a quantia ficou acima do que seria necessário.

Quem se viu desempregado na pandemia também ficou com mais fome. A pesquisa mostra que a insegurança é maior para os ficaram sem trabalho: entre os desempregados, 38% disseram que não tiveram comida suficiente.

Pesquisas anteriores mostram que o problema se mantém em níveis semelhantes aos observados no ano passado, quando a estagnação econômica e o aumento do desemprego levaram pessoas a disputar restos de ossos em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Um relatório elaborado por diversas entidades internacionais revelou que no Brasil, entre 2018 e 2020, a insegurança alimentar grave atingiu 7,5 milhões de pessoas. Nos anos anteriores, entre 2014 e 2016, o total eram de 3,9 milhões de brasileiros atingidos.

Em relação à prevalência de insegurança alimentar moderada ou grave, são 49,6 milhões de pessoas impactadas. Em 2014, eram 37,5 milhões de pessoas.

Entre os trabalhadores autônomos, 26% apontaram o mesmo problema, assim como 20% dos assalariados sem registro formal e 28% dos desocupados que não estão à procura de trabalho, de acordo com o levantamento.

A aceleração da inflação agravou o problema nos últimos meses. Os preços de alimentos e bebidas subiram em média 14,09% em 2020 e 7,94% no ano passado, quando o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) teve variação de 10,06%.

Nesta terça-feira (29), em evento de entrega de títulos de terras no Mato Grosso do Sul, na tentativa de se isentar das suas responsabilidades no comando do País, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a inflação não tem relação com as políticas do seu governo, mas com o aumento do custo da energia, dos combustíveis e do preço das commodities no mercado internacional.

O presidente ainda culpou os governadores pela alta dos preços dos preços dos alimentos que seriam causadas pelas políticas de restrição de circulação durante a pandemia de Covid-19.

Redação ICL Economia

Com informações das agências de notícia

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