Mesmo com pacote eleitoreiro, Bolsonaro fica engessado nos 32% das intenções de votos, aponta pesquisa Datafolha. Em primeiro, Lula tem 45%

Pesquisa mostra que que Lula continua mantendo melhor desempenho no eleitorado com renda mensal familiar de até dois salários mínimos, com 54% das intenções de votos.
2 de setembro de 2022

A exatos 30 dias do primeiro turno das eleições presidenciais, a pesquisa Datafolha mostra que, a despeito de todo o pacote eleitoreiro do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem se aproveitado da máquina pública para tentar turbinar seu nome nas pesquisas eleitorais, ele permanece engessado nos 32% das intenções de votos. O levantamento, divulgado ontem à noite (1º), mostra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com 45% (2 pontos percentuais a menos que a anterior); Ciro Gomes (PDT), que cresceu de 7 para 9%; e Simone Tebet, que passou de 2% para 5%.

A pesquisa mostra que a exposição durante as entrevistas ao Jornal Nacional, da TV Globo, e o primeiro debate de presidenciáveis, transmitido pela TV Bandeirantes, revelou-se uma boa exposição para Ciro e Simone. Já Bolsonaro, que, tanto na entrevista quanto no debate, tentou fazer colar a ideia de que a “economia está bombando”, não atingiu seu intento.

Pode-se dizer que o Datafolha mostra que Bolsonaro é quem mais perde. Com a máquina na mão, Bolsonaro abriu a torneira de gastos, com a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Auxílios, com pagamento de benefícios à população mais vulnerável, a caminhoneiros e taxistas.

Além disso, Bolsonaro desonerou os tributos federais dos combustíveis, o que contribuiu para ajudar os índices inflacionários a ficarem no negativo em julho e na prévia de agosto, mas o que Bolsonaro não diz é que, no acumulado dos 12 meses, a inflação continua na casa dos dois dígitos, impingindo muito sofrimento especialmente aos mais pobres.

Aliás, a pesquisa Datafolha mostra que que Lula continua mantendo melhor desempenho no eleitorado mais pobre (renda mensal familiar de até dois salários mínimos), com 54% das intenções de votos. Esta faixa de renda é o principal componente do CadÚnico (Cadastro Único) de programas sociais do governo federal. Enquanto isso, Bolsonaro apresenta seu menor patamar, com 25% da preferência, demonstrando que nem com o Auxílio Brasil de R$ 600, cujo pagamento teve início em 9 de agosto e vai até dezembro, não tem ajudado o presidente a convencer esse eleitorado a votar nele.

Bolsonaro, inclusive, havia prometido manter o auxílio em R$ 600 em 2023, caso seja eleito. Contudo, no Orçamento de 2023 encaminhado ao Congresso na quarta-feira passada, Bolsonaro inclui Auxílio Brasil de R$ 405, com a “indicação” de que pode subi-lo para R$ 600, mas não diz como fará isso.

Além do auxílio mais minguado, a peça orçamentária prevê o mínimo em R$ 1.302, ou seja, sem aumento real pelo quarto ano seguido. O valor proposto pelo governo representa somente R$ 90 a mais em relação ao piso atual, fixado em R$ 1.212.

No recorte entre os brasileiros com renda de dois a cinco salários mínimos, Bolsonaro aparece na pesquisa Datafolha com 40% das intenções de votos, contra 36% de Lula. O resultado, no entanto, difere da pesquisa Ipec (ex-Ibope) divulgada na segunda-feira, que apontou evolução de Lula nesta faixa de remuneração intermediária, ante um recuo de Bolsonaro. Mas, importante ressaltar, as pesquisas têm metodologias diferentes, portanto, não é possível compará-las.

Pesquisa Datafolha mostra que 42% do eleitorado considera a gestão Bolsonaro “ruim ou péssima”. Levantamento Ipespe aponta que 69% dos beneficiários do Auxílio Brasil rejeitam o consignado

A pesquisa Datafolha mostra também que 42% do eleirado considera a gestão Bolsonaro “ruim ou péssima”, enquanto 31% a consideram “ótima ou boa”. A diferença entre um e outro, de 11 pontos, é ligeiramente menor do que os 13 pontos registrados em agosto, mas representa evolução ainda maior ante os 21 pontos registrados em junho, quando 47% reprovavam e 26% aprovavam o governo.

Outra pesquisa, realizada pelo Ipespe, joga um balde de água fria na campanha de Bolsonaro. O famigerado empréstimo consignado para beneficiários do Auxílio Brasil, proposta que pegou mal até mesmo entre os bancões, que pularam fora do barco, é rejeitado por 69% das pessoas atendidas pelo programa, numa demontração de que esse eleitor não é convencido pelas falsas promessas.

De acordo com o levantamento, divulgado na quarta-feira passada, só 18% dos beneficiários do auxílio dizem que pretendem pegar o empréstimo ou que alguém de sua casa deve fazer essa opção. Outros 13% não souberam ou não responderam à pergunta. Do total de entrevistados, 63% dos beneficiários do auxílio se dizem informados sobre a liberação dessa modalidade de crédito, enquanto 37% disseram não ter tomado conhecimento sobre o assunto.

Lembrando que a população que ganha menos de dois salários mínimos por mês inclui os 20,2 milhões de beneficiários do Auxílio Brasil, programa criado por Bolsonaro para substituir o Bolsa Família, criado na gestão Lula.

O ritmo lento da evolução de Bolsonaro entre os mais vulneráveis é em parte explicado pela percepção que as pessoas têm sobre os objetivos do presidente com o aumento do Auxílio Brasil. Pesquisa Genial/Quaest, também divulgada na quarta-feira, aponta que 63% deles consideram que a medida visa a “ajudar” o atual chefe do Executivo a se reeleger.

Ademais, a pesquisa Ipespe mostra que essa parcela do eleitorado, que tem sofrido mais com a inflação dos alimentos, que continua pesando muito no bolso, não se convenceu de que o empréstimo consignado concedido a juros que podem chegar à casa dos 80% ao ano, é uma boa para eles.

O Datafolha ouviu 5.734 eleitores de todas as regiões do país entre 30 de agosto e 1° de setembro. A margem de erro é estimada em dois pontos percentuais, para um nível de confiança de 95%. A pesquisa está registrada na Justiça Eleitoral sob o número BR-00433/2022.

Redação ICL Economia
Com informações do UOL e de O Globo

 

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