Pesquisa Industrial mostra o ferro como o produto mais vendido em 2020, com 4,8% nas vendas, seguido por óleo de petróleo e carnes

Segundo o IBGE, a pandemia desestruturou diversas cadeias produtivas, enquanto os indicadores macroeconômicos brasileiros indicaram redução no consumo das famílias
29 de julho de 2022

Dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA) Produto 2020, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que o líder de participação na receita de vendas em 2020 foi o minério de ferro: 4,8%, 1,5 ponto percentual acima de 2019, reflexo da alta dos preços internacionais. O produto ultrapassou óleos brutos de petróleo, que liderava desde 2018 e teve participação de 3,1%, ou 0,7 pontos percentuais abaixo de 2019. O levantamento avalia cerca de 3.400 produtos industriais de 29 setores.

Em terceiro lugar na Pesquisa Industrial, carnes de bovinos frescas ou refrigeradas galgou duas posições, passando de 2,1% para 2,4% de participação. Na sequência estão óleo diesel, que caiu da terceira para a quarta posição; e álcool etílico (etanol) não desnaturado, com teor alcóolico igual ou maior a 80, para fins carburantes, destinado a ser adicionado à gasolina, que ganhou uma posição apesar de a participação ter reduzido de 1,8% para 1,6%.

A gerente de Análise Estrutural do IBGE, Synthia Santana, explica que a pandemia provocou a desestruturação de diversas cadeias produtivas, enquanto os indicadores macroeconômicos brasileiros indicaram redução no consumo das famílias, na taxa de investimento e no crédito. Os resultados da Pesquisa Industrial Anual Produto refletem os impactos dessa conjuntura de grave crise econômica e sanitária com consequências na demanda e na oferta do setor industrial.

“Enquanto alguns setores tiveram paralisação de fábrica e concessão de férias, outros experimentaram um ambiente diferente, especialmente aqueles relacionados a commodities que são ancorados em preços internacionais. Um exemplo é minério de ferro e grãos, que foram beneficiados durante a pandemia devido à alta dos preços internacionais”, analisa a gerente.

Somados, os dez maiores produtos concentraram 20,9% do valor das vendas em 2020, participação inferior à assinalada em 2019 (21,6%). Frente a 2019, todos os produtos sofreram mudanças de posições, com destaque para minério de ferro, que passou do segundo para o primeiro lugar.

Entre os 100 principais produtos da Pesquisa Industrial Anual, os que mais ganharam posições frente a 2019 foram Preparações e misturas de minerais, vitaminas, contendo ou não medicamentos para alimentação animal exceto rações (34 posições, de 101ª para 67ª); automóveis com motor entre 1500 e 2500 cilindradas (32 posições, da 129ª para 97ª); óleo de soja em bruto (26 posições da 60ª para 34ª); computadores pessoais portáteis (25 posições, da 53ª para 28ª); e ouro, em formas brutas, semimanufaturadas ou em pó (22 posições, da 47ª para 25ª).

Os que mais perderam foram querosenes de aviação (58 posições, da 28ª para 86ª colocação); serviço de manutenção e reparação de aeronaves, turbinas e motores de aviação, inclusive o serviço de pintura de aeronaves (23 posições, da 67ª para 90ª); caminhões com motor diesel e capacidade máxima de carga superior a 5 toneladas (21 posições, da 27ª para 48ª); aviões de peso superior a 15.000 kg (20 posições da 33ª para 53ª) e folhas de fumo (19 posições, da 77ª para 96ª).

“Produtos eletrônicos, que foram muito demandados durante a pandemia, ganharam 25 posições. Já entre as que mais perderam, das cinco, destacamos querosene de avião, que perdeu 58 posições, serviços de manutenção de aeronaves (23), caminhões (21) e aviões (20). Os principais são relacionados ao setor de transporte, que foi bastante afetado durante a pandemia”, diz Synthia.

Cinco atividades mostradas na pesquisa industrial concentram 54% das receitas

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Indústria Alimentícia concentra quase 20% das vendas /  Crédito: Agência Brasil

Dos 29 setores investigados em 2020 pela pesquisa industrial, os cinco com mais participações na receita líquida de venda foram: indústria alimentícia (19,3%); fabricação de produtos químicos (10,8%); fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (8,8%); indústria automotiva em quarto (8,1%); e metalurgia (7,0%). A soma dessas cinco atividades industriais concentrou 54,0% do valor da receita líquida de vendas de produtos e serviços industriais em 2020, ante 54,2% em 2019.

Entre 2019 e 2020, destaca-se o aumento de participação da indústria alimentícia, que passou subiu 2,7 p.p, de 16,6% para 19,3% da RLV. Em contrapartida, a indústria automotiva perdeu 2,1 p.p. de participação, alcançando 8,1% da RLV em 2020 e caindo da terceira para a quarta posição.

Estendendo o ranking para as dez principais atividades da indústria, destacam-se a extração de minerais metálicos; a fabricação de máquinas e equipamentos; e a fabricação de produtos de borracha e de material plástico, que subiram, cada uma, uma posição no ranking em relação a 2019. Já a extração de petróleo e gás natural perdeu 1,0 p.p., caindo da sexta para nona posição.

Entre as grandes regiões, o Sudeste foi a única a perder representatividade na composição da receita líquida de vendas em dez anos, caindo de 60,1% para 53,3%. Em contrapartida, as regiões Centro-Oeste e Norte foram as que mais ganharam em participação, com incremento de 2,4 p.p. e 1,9 p.p., respectivamente.

A Região Sul foi a que mais apresentou mudanças na relação dos três principais produtos: o óleo diesel perdeu a primeira posição frente a 2011 e dois novos produtos passaram a compor o ranking: carnes e miudezas de aves congeladas, em primeiro; e tortas, bagaços, farelos da extração de soja, em terceiro.

Já a Região Sudeste, embora tenha permanecido com os três principais produtos – óleos brutos de petróleo (5,8%), minério de ferro (4,3%) e óleo diesel (2,1%) – mudou o ranking com óleos brutos de petróleo assumindo a liderança antes ocupada por minério de ferro.

Por sua vez, a Região Centro-Oeste manteve os mesmos três principais produtos – carnes de bovinos frescas ou refrigeradas (12,9%); tortas, bagaços, farelos de extração de óleo de soja (9,9%); e álcool etílico (etanol) não desnaturado, para fins carburantes (5,8%) – no mesmo ranking.

Na Região Norte, o minério de ferro ainda mantém a primeira posição, com 28,9%; seguido por um novo produto, carnes de bovinos frescas ou refrigeradas (5,0%); e televisores (4,8%), que perdeu uma posição.

Por fim, no Nordeste, o óleo diesel manteve a liderança, com 4,3%, seguido por óleos combustíveis (3,7%), que ganhou posições; e por pastas químicas de madeira (2,8%), que entrou como novo produto no ranking da região.

Pesquisa Industrial

Fonte: IBGE


Redação ICL Notícias
Com informações da Agência IBGE Notícias

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