Pelo segundo trimestre seguido, PIB dos EUA recua. Queda de 0,9% coloca país em recessão técnica

Desaceleração da economia reflete recuos nos investimentos privados e gastos do governo federal
28 de julho de 2022

Um dia depois do Fed (Federal Reserve, banco central americano) ter aumentado a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, o PIB dos EUA recuou 0,9% no segundo trimestre, o que coloca o país em recessão técnica. Os dados, em caráter preliminar, foram divulgados nesta quinta-feira (28) pelo Escritório de Análise Econômica (BEA, na sigla em inglês) do departamento de comércio daquele país.

De acordo com o comunicado divulgado com o anúncio, “a queda do PIB (Produto Interno Bruto) real reflete recuos nos investimentos privados em estoque, em investimentos fixos residenciais, em gastos do governo federal, gastos dos governos estaduais e locais, e investimentos fixos não residenciais”. Por outro lado, as quedas foram parcialmente compensadas por aumentos nas exportações e nos gastos das famílias.

A taxa vem acima do que esperavam analistas ouvidos pela Bloomberg, que esperava crescimento mediano de 0,4%.

No primeiro trimestre, a economia norte-americana teve uma queda também anualizada de 1,6%, na primeira retração desde a recessão do início da pandemia, há dois anos. No quarto trimestre de 2021, a economia dos EUA cresceu a um ritmo robusto de 6,9%.

O economista do ICL André Campedelli avalia que a notícia “não poderia ter vindo em pior hora”, pois ela acontece um dia depois de o Fed ter subido a taxa básica de juros. “O aumento da taxa básica de juros dos EUA pelo Federal Reserve, que vem ocorrendo nos últimos meses, é o principal responsável por essa queda (do PIB). Ocorreu uma redução do investimento público, privado e do setor imobiliário, que são resultado direto do aumento da taxa de juros dos Estados Unidos. O próprio Fed é o responsavel pela situação na qual vive o país hoje”, observa.

PIB dos EUA: país tem enfrentado queda de investimentos e inflação em trajetória ascendente

Trata-se do segundo trimestre seguido que os EUA registram queda no PIB. O país tem apontado uma escalada na inflação, que acumulou alta de 9,1% em julho, a maior em 40 anos. Os EUA enfrentam um mercado de trabalho aquecido e com salários inflacionados, além de um desbalanceamento entre oferta e demanda de produtos, com empresas enfrentando altas em seus estoques.

Também contribuem para esse cenário o mercado externo, com os riscos de novas ondas de Covid-19 e, principalmente, a guerra da Rússia contra a Ucrânia, que impactam preços de commodities e energia no mercado externo.

Lembrando que, nesta semana, o FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciou que o mundo está no limiar de uma recessão, e estimou o PIB global para baixo neste e no próximo ano.

Por outro lado, em dólares correntes, o PIB norte-americano teve alta de 7,8% (US$ 465,1 bilhões), para US$ 24,85 trilhão. No primeiro trimestre, a alta havia ficado em 6,6% (US$ 383 bilhões).

Para entender

Diferentemente da maioria dos países, os EUA utilizam uma metodologia distinta para a divulgação do PIB trimestral. No Brasil, por exemplo, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga o crescimento trimestral em relação ao trimestre imediatamente anterior e em relação ao mesmo período do ano anterior. Já a taxa anualizada significa a variação do PIB se esse percentual de crescimento ou queda fosse mantida por um ano inteiro.

Da Redação do ICL
Com informações de agências de notícias

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