Inflação dos EUA acelera para 9,1% em junho, maior nível anual em 40 anos. Cenário favorece alta de juros

Para economista do ICL, além de estímulos fiscais, que geram alta de preços, o peso maior na inflação é a elevação dos custos internos de produção
13 de julho de 2022

No acumulado de 12 meses até junho, a inflação dos EUA fechou em um patamar histórico de 9,1%, o maior índice anual registrado desde novembro de 1981. Os preços da gasolina e dos alimentos, ainda em patamares elevados, estão contribuindo para elevar os custos internos de produção com participação importante na inflação. O cenário de alta consolida as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) aumente os juros em 0,75 ponto percentual nas reuniões deste mês.

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), subiu 1,3% em junho, após avançar 1,0% em maio, informou o Departamento do Trabalho nesta quarta-feira (13). Em maio, esse indicador já acumulava alta de 8,6%, gerando muita tensão nos mercados financeiros ao redor do mundo.

A valorização do dólar de um lado e a desvalorização do euro de outro, que atingiram paridade pela primeira vez em duas décadas ontem (12), foi agudizada hoje com a divulgação da inflação americana. Após o Departamento de Trabalho dos EUA anunciar a inflação, ocorreu a queda do euro.

A moeda da comunidade europeia valia menos do que o dólar na manhã desta quarta-feira. Por volta das 10h (horário de Brasília), o euro era negociado a US$ 0,998, o nível mais baixo desde 2002.

Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice de preços ao consumidor subiu 0,7% em junho, depois de alta de 0,6% em maio. O chamado núcleo da inflação avançou 5,9% nos 12 meses até junho, após alta de 6,0% em maio.

Para economista do ICL, elevação dos custos internos de produção gera grande impacto na inflação dos EUA

invasão da Ucrânia, inflação acelera

Crédito – freepik

A inflação americana está acelerando em meio a problemas nas cadeias de fornecimento globais e estímulos fiscais maciços do governo adotados no início da pandemia da Covid-19. A Guerra da Ucrânia, que causou um pico nos preços globais de alimentos e combustíveis, agravou a situação.

Segundo o economista do ICL, André Campedelli, ainda que os estímulos fiscais estejam contribuindo para a alta de preços, o peso é bem menor do que a elevação dos custos internos de produção.

“As cadeias globais de produção continuam desorganizadas com a situação chinesa, que está em desaceleração para controlar a Covid-19. Há ainda a elevação do custo do petróleo nos últimos meses, juntamente com diversos fatores que elevam, em cadeia, o preço de quase todos os bens produzidos no país”, explica o economista.

Em comunicado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que os números da inflação de junho vieram “inaceitavelmente altos”, mas reforçou que também estão desatualizados devido à recente queda nos valores da gasolina.

“A energia, sozinha, representou quase metade do aumento mensal da inflação. Os dados desta quarta-feira não refletem o impacto total de quase 30 dias de queda nos preços da gasolina, que reduziram o preço na bomba em cerca de 40 centavos (de dólar) desde meados de junho”, afirmou Biden.

Os preços da gasolina nos EUA atingiram níveis recordes em junho, ficando, em média, acima de US$ 5 (R$ 27) por galão, de acordo com dados da AAA (Associação Automobilística Americana).

Desde então, eles caíram em relação ao pico do mês passado e estavam, na média, em US$ 4,631 (R$ 25) por galão hoje, o que pode aliviar parte da pressão sobre os consumidores.

Os dados da inflação foram divulgados após relatório que mostrou crescimento do emprego mais forte do que o esperado em junho. A economia norte-americana criou 372 mil vagas de trabalho no mês passado, informou o governo na sexta-feira (8).

Havia quase dois empregos para cada desempregado no final de maio nos EUA. O mercado de trabalho aquecido é um problema para o Fed, que quer esfriar a demanda para reduzir a inflação para sua meta de 2%.

Os mercados financeiros esperam que o banco central dos EUA aumente sua taxa de juros em mais 0,75 ponto percentual na reunião de 26 e 27 de julho. Desde março, o banco subiu os juros em 1,50 ponto.

Havia a expectativa de que uma mudança nos gastos de bens para serviços ajudaria a esfriar a inflação, mas os salários estão aumentando dado o cenário no mercado de trabalho, contribuindo para o aumento dos preços dos serviços.


Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias.

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