Pico da inflação deve ser em abril com taxa de 11%, diz presidente do BC

Para economistas do ICL, "o que vemos é que não existe recuperação econômica"
28 de março de 2022

Em abril deve ocorrer o pico da inflação brasileira chegando aos 11% no acumulado em 12 meses. A informação foi dada presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na sexta-feira (25), em seminário virtual organizado pelo Banco Central do Peru.

Campos Neto afirmou também que o Banco Central do Brasil provavelmente encerrará o ciclo de aperto monetário com a taxa Selic em 12,75% (prevista para ser adotada na reunião de maio, com ajuste de um ponto percentual).

Em fevereiro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) teve a maior variação desde 2015, com a inflação dos últimos 12 meses acumulando alta de 10,54%. Na prévia da inflação – IPCA-15 -, divulgada semana passado, foi de 0,95% em março. É a maior variação para um mês de março desde 2015 (1,24%), e o IPCA-15 já acumula alta de 10,79%.

Relatório Trimestral de Inflação

O Banco Central divulgou o Relatório Trimestral de Inflação detalhando a visão em relação a todos os fatores que estão impactando a inflação brasileira, tanto no cenário interno quanto externo; as previsões sobre a atividade econômica brasileira e a inflação para os próximos anos.

Os economistas André Campedelli e Deborah Magagna do Boletim Economia Para Todos Investidor Mestre consideram que, apesar de bem detalhado, o Relatório peca em sua visão sobre o funcionamento da inflação brasileira, pois novamente apontou componentes de demanda para explicar uma boa parte da inflação e trata os choques de custo como transitórios, ou seja, justifica que nada pode ser feito em relação à alta dos combustíveis, mas que ela deve ser passageira, ao mesmo tempo em que enfatiza que deve fazer seu papel de controlar a elevação da demanda brasileira.

O Relatório, segundo os economistas, serviu no final das contas para justificar a atitude do COPOM em relação ao aumento da taxa Selic para controlar a parte da inflação que é possível, a da demanda, mesmo que isso possa prejudicar momentaneamente a recuperação econômica observada no último ano, segundo a visão da instituição.

Para Campedelli e Magagna, “o que vemos é que não existe recuperação econômica. Já faz três trimestres que não há movimentações significativas no PIB brasileiro, então estamos no momento pelo menos estagnados. Isto significa que não existem componentes de demanda pressionando a inflação brasileira, que atualmente é oriunda de choques de custos, ou seja, a elevação da Selic tem pouca eficiência no combate à inflação”.

Redação ICL Economia
Com informações do Boletim Economia Para Todos Investidor Mestre e agências

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