Pobreza chegou ao pior patamar em 2021, quando governo parou de pagar o auxílio emergencial

Avaliação faz parte do estudo do IPEA sobre a situação da pobreza no Brasil, com métricas brasileiras, com pessoas que recebem menos de R$ 210 por mês e também pessoas com menos de R$ 105,00 por mês
31 de janeiro de 2023

Desde o início do pagamento do auxílio emergencial durante a pandemia, a pobreza se manteve em queda até a última parcela. Com o fim precoce do benefício, o percentual de pobreza atingiu níveis maiores. A situação só melhorou quando o benefício voltou a ser pago, mas com efeito menor devido à queda do valor da parcela.  Assim, as taxas de pobreza no Brasil atingiram, em 2021, o maior nível desde 2012. Não fossem os programas sociais, os níveis seriam muito mais preocupantes.  

A avaliação faz parte do estudo “Um País na Contramão: A Pobreza no Brasil nos Últimos Dez Anos”, elaborado pelos pesquisadores Pedro Ferreira de Souza, Marcos Hecksher e Rafael Osorio, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O estudo usa métricas brasileiras, considerando uma linha superior de pobreza, que mostra a porcentagem de pessoas que recebem menos de R$ 210 por mês e uma linha inferior na qual são consideradas pessoas que recebem menos de R$ 105 por mês.

“O Brasil passou por uma grave crise social durante a pandemia, e o governo foi incompetente para conseguir mitigar o problema da pobreza neste período. Enquanto o auxílio emergencial foi pago, a pobreza inclusive teve níveis melhores do que o encontrado em muito tempo, porém, com o fim precoce do benefício, chegou nos maiores níveis dos últimos anos”, avaliam os economistas do ICL, André Campedelli e Deborah Magagna, no Boletim Economia para Todos.

Em relação aos que recebiam menos de R$ 210,00, o Brasil tinha uma porcentagem de 7,6% e subiu para 10,8% após o fim do auxílio emergencial. Entre os que recebiam menos de R$ 105,00, a quantidade abaixo passou de 4,2% para 6% com o fim do auxílio, ainda num momento altamente afetado pela pandemia de COVID-19.

A pobreza, que esteve em queda até 2014, abrangendo 10,7% da população, entrou em curva ascendente até chegar a 12,8% em 2019. Com a pandemia, o salto foi gigante, alcançando 15,7% da população brasileira. Isso mostra o enorme impacto que a pandemia teve na população do país, aumentando consideravelmente a pobreza neste último ano.

 O auxílio amenizou a pobreza durante a pandemia, que deveria ser de 20,3% da população sem o fornecimento do benefício e chegou a 11,4% da população, segundo melhor valor registrado desde 2012.

Com fim do auxílio emergencial, o ano de 2021 registra pobreza potencial de 19,9%, salto enorme em relação ano ano anterior

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Crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado

Porém, com o fim do fornecimento do auxílio no começo de 2021 ocorreu uma explosão da pobreza. O ano de 2021 mostra uma pobreza potencial de 19,9% e efetiva de 15,7%, um salto enorme se comparado ao ano anterior.

“A situação só melhorou quando o benefício voltou a ser pago, mas com efeito menor devido a queda do valor da parcela. O governo poderia ter feito um trabalho melhor no combate à pobreza em momento tão delicado, mas foi incapaz de realizar um bom trabalho”, dizem os economistas do ICL.

Devido ao pagamento das parcelas de 2021 serem menores do que as de 2020, o efeito foi bem menor, similar ao já ocorrido com o antigo auxílio Bolsa Família.

Redação ICL Economia
Com informações do Boletim “Economia para Todos”

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