Se o Banco Central decidir por manter uma política monetária mais restritiva, como vem sinalizando o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, o cenário futuro para a economia brasileira torna-se mais desafiador, segundo o economista André Paiva, mestre em economia pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e doutorando na Universidade de Brasília.
Em entrevista ao ICL Mercado e Investimentos na última quinta-feira (6), apresentado pelo também economista André Campedelli, ele avaliou que, se o ciclo de cortes da taxa básica de juros, a Selic, chegar ao fim, isso “tende a deixar o mercado de crédito mais restrito do que o esperado”.
Combinada à meta fiscal de déficit zero determinada pela equipe econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o cenário pode se tornar ainda mais desafiador.
“Manter uma taxa de juros muito elevada, principalmente em termos reais – quando descontamos a inflação, estamos olhando para uma taxa de juros real em torno de 6% -, isso é muito alto, uma das maiores do mundo. Por outro lado, a política fiscal também é muito restritiva e, além de ser restritiva, tem restringido a capacidade do governo de realizar investimentos públicos, dar, por exemplo, reajustes para os servidores e, inclusive, medidas para amparar de uma forma célere e efetiva e conseguir reverter, na medida do possível, os impactos da catástrofe no Rio Grande do Sul”, avaliou.
Por outro lado, ele avaliou que, graças às ações do governo, houve um avanço consistente do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre do ano, puxado pelo setor serviços, especialmente o comércio.
“O PIB foi dentro da linha do que estávamos e reflete tanto o desempenho do consumo das famílias como da formação bruta de capital fixo. Podemos destacar, pelo lado do consumo das famílias, a política de valorização do salário mínimo em termos reais, que tem tido um impacto importante para as condições de vida e para a melhoria da capacidade de consumo; os programas sociais também têm tido uma importância significativa e um mercado de trabalho, que tem tido um bom desempenho, tanto na geração de postos de trabalho formais quanto na redução da taxa de desemprego”, disse.
Pelo lado da formação bruta de capital fixo, ele destacou que iniciativas anunciadas pelo governo, como o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o Plano de Transição Ecológica e o Nova Indústria Brasil, e a retomada do papel histórico que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no fornecimento de linhas de crédito de longo prazo, “formam o conjunto de fatores que, somados a um ambiente estável politicamente, traz cenário melhor para tomada de decisões de investimentos”, apontou.
Assista à entrevista completa do economista André Paiva no vídeo abaixo:
Redação ICL Economia
Com informações do ICL Mercado e Investimentos