Já há um consenso entre grandes teóricos da economia de que o modelo que vem sendo largamente utilizado pelas economias capitalistas do planeta, de controlar a inflação via aumento de taxas de juros, não tem surtido o efeito esperado. “Esse ponto vem sendo questionado… a eficácia do modelo de gestão de política monetária, sobretudo em um mundo com as características que temos hoje, um mundo pós pandemia, pós invasão da Rússia na Ucrânia, que traz uma reorganização para essa coisa da oferta”, avaliou a economista Simone Deos, professora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Ela foi entrevista na edição de quinta-feira (22), do ICL Mercado e Investimentos, noticiário econômico diário transmitido via redes sociais e apresentado pelos economistas do ICL Deborah Magagna e André Campedelli.
Sobre a observação da professora, está aí os Estados Unidos que não nos deixam mentir. O Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), a despeito de estar praticando as taxas de juros mais altas dos últimos 22 anos, os dados macroeconômicos, como a inflação, ainda se mostram resilientes.
“Essa gestão de política monetária via alteração da taxa de juros nesse momento em que a inflação reascendeu no mundo inteiro, ela tem vários efeitos colaterais. Se é questionada essa sua eficácia sobre os preços, acho que uma coisa que não é dita, mas que é muitíssimo importante, é que uma política monetária nesses moldes produz uma enorme concentração de renda”, disse a professora.
Segundo ela, em um ambiente de juros altos a transferência de renda acontece “para aquela parcela da população que tem poupança financeira, enquanto o outro lado, que é a parcela devedora da população, tem enorme encargo sobre si”, pontuou.
Para assistir à entrevista completa de Simone Deos, veja o vídeo abaixo:
Redação ICL Economia
Com informações do ICL Mercado e Investimentos