Nesta sexta (25), Jerome Powell, presidente do banco central americano, Federal Reserve (Fed), faz seu discurso em Jackson Hole, simpósio anual que reúne autoridades financeiras, economistas e acadêmicos de todo o mundo em Wyoming, estado na região oeste dos Estados Unidos. O tema de Jackson Hole neste ano são as mudanças estruturais na economia global. O evento de discussão de temas econômicos começou na quinta (24) e termina no sábado (26). Os participantes são convidados a escreverem artigos, para serem debatidos em Jackson Hole. Pelo Brasil, participa o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Abry Guillen.
Diante da melhora dos indicadores da economia, o mercado se questiona se haverá de fato uma nova alta da taxa neste ano, em 0,25 p.p., ou se Powell vai indicar que deve mantê-la no nível atual por longo período ou se vê margem para um corte no ano que vem. Há a expectativa de alguma sinalização de direção ocorrer no discurso de Powell no Jackson Hole, antes da próxima reunião do banco central americano, que será em 19 e 20 de setembro. Até o momento, decisão de uma “pausa” no ciclo de aperto monetário ainda não foi feita.
Após seguidos recordes de inflação no ano passado, a alta de preços está desacelerando. Ao mesmo tempo, o mercado de trabalho segue aquecido, e a renda do trabalho dos americanos finalmente tem registrado ganhos reais.
A conjunção dos fatores tem feito muitos analistas, informa a reportagem da Folha de S Paulo, acreditarem que o Fed vai conseguir fazer o tão almejado “pouso suave”, quando o efeito da alta dos juros pelo banco central é suficiente para segurar a inflação, mas sem gerar alta do desemprego e recessão.
A economia nunca esteve tão bem no governo Biden como agora. Esse cenário é bastante novo. Até há pouco tempo, era praticamente consenso que a economia americana entraria em recessão, divergindo-se apenas de quando isso ocorreria. O próprio Fed projetava uma retração ainda neste ano, descartada na última reunião do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto, o equivalente ao Copom brasileiro), no final de julho.
Na ocasião, o BC americano elevou os juros em 0,25 ponto percentual, para uma faixa de 5,25% a 5,50%, e deixou a porta aberta para novas altas. Desde março de 2022, quando a taxa estava próxima de zero, o Fed vem encarecendo o crédito na tentativa de desaquecer a economia e, assim, levar a inflação para dentro da meta, atualmente em 2%.
No Brasil, o Banco Central iniciou o ciclo de corte da Selic na última reunião, no início de agosto, com um corte de 0,5 p.p., para 13,25%.
Jackson Hole costuma ser palco de mensagens importantes do Fed
Jackson Hole costuma ser palco de mensagens importantes do Fed. Nos anos 1980, o simpósio antecipou por exemplo uma alta histórica dos juros e, em 2007, alertou para problemas no setor imobiliário, que desembocariam em uma crise financeira mundial no ano seguinte.
A primeira edição do Jackson Hole ocorreu em 1978. Apesar de hoje ser conhecido como Jackson Hole, o Jackson Lake Lodge, localizado no Parque Nacional Grand Teton, começou a receber o simpósio somente quatro anos depois.
A tradição de transmitir discursos oficiais de um presidente do Fed começou em 1989, com Alan Greenspan. Segundo o Fed, cerca de 120 pessoas participam do simpósio em Jackson Hole, selecionadas segundo sua relevância não só para o tópico em debate, como também atendendo a critérios de diversidade regional, setorial e de formação.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S Paulo