Custo da cesta básica tem queda em 10 capitais e aumento em 7, aponta Dieese

Entidade sindical estima que salário mínimo deveria ser de R$ 6.388,55 para suprir as necessidades básica de uma pessoa
8 de agosto de 2022

Deborah Magagna e André Campedelli *

A pesquisa mensal do Dieese em relação à cesta básica e ao salário mínimo necessário foi divulgada na sexta-feira (5), mostrando que, entre as 17 capitais pesquisadas, 10 apresentaram queda no valor da cesta básica, enquanto 7 tiveram aumento. A cesta básica mais cara do país continua sendo a de São Paulo, com custo de R$ 760,45 após queda de 2,13% no mês, seguida por Florianópolis onde a cesta custa R$ 753,73, com queda de 0,88%, Porto Alegre onde a cesta custa em média R$ 752,84, caindo 0,18% no mês e Rio de Janeiro, com custo de R$ 723,25, caindo 1,28% no mês. As altas mais expressivas ocorreram em Vitória, com avanço de 1,14%, chegando a R$ 700,75, Salvador, com alta de 0,98%, fazendo a cesta chegar em R$ 586,54 e Brasília, com alta de 0,8%, fazendo a cesta alcançar o valor de R$ 703,93.

No acumulado do ano, a cesta que apresentou a maior elevação em 2022 foi a de Recife, com alta de 15,8%, seguida por Belém, com alta de 13,7%, Aracajú, que elevou 13,5%, Campo Grande com alta de 13,25% e João Pessoa, com avanço de 13,19%. Algumas capitais têm apresentado uma elevação acumulada baixa quando comparadas a outros locais, como nos casos de Brasília, que elevou 5,85%, Fortaleza 7,75% e Rio de Janeiro, com alta de 8,6%. No acumulado em 12 meses, Recife apresentou a maior variação, de 26,5%, seguida por João Pessoa com alta de 21,5%, Belém com alta de 21,14% e Campo Grande com alta de 20,9%. A cesta básica de São Paulo mostrou que as quedas observadas nos preços na maior parte das capitais ocorreram principalmente pelo efeito deflacionário de bens consumidos in natura, como nos casos do tomate e da batata. O primeiro item apresentou queda de 24,2% no mês, enquanto o segundo caiu 13,9%. A melhora das condições climáticas nos últimos meses tem elevado a oferta destes bens, o que reduziu o preço que estava excessivamente elevado há algum tempo atrás. Porém, o leite se tornou um grande problema, com alta de 23,18%, e seus derivados, como a manteiga, também tiveram alta expressiva, de 3,58% no mês. Outros itens também se destacaram negativamente, como a farinha de trigo que elevou 4,91%, a banana com alta de 5,91% e o pão francês, que teve seu preço elevado em 1,47%.

A queda do preço na cesta básica acabou também impactando o salário necessário calculado pelo Dieese, aquele que supre todas as necessidades básicas da pessoa com saúde, lazer, habitação, alimentação etc. O indicador apresentou nova queda, a terceira seguida no ano, chegando a R$ 6.388,55 após queda de 2,13% em um mês. Com isso, a pressão da inflação de alimentos, que tanto castigou a população no começo do ano, arrefeceu nos últimos meses. Mas ainda existem itens que têm elevado consideravelmente, e boa parte da queda é explicada pela baixa do preço de bens que estavam em níveis bem elevados. O efeito e o tempo que este efeito deflacionário irá gerar nos próximos meses é incerto, podendo inclusive ter terminado nesse próprio mês.

Ocorreu uma variação negativa do preço da cesta básica na maior parte das capitais pesquisadas pelo Dieese. Isso foi resultado direto do efeito deflacionário de bens como tomate e batata, que estavam com seus preços muito elevados e neste mês voltaram a seu preço mais costumeiros de venda, devido a melhora climática ocorrida no último período. Alguns itens merecem atenção, como as commodities, que têm se elevado consideravelmente devido, não à situação dos preços internacionais, mas pela alta do dólar. O IPCA-15 mostrou que a inflação de alimentos deve ser ponto de atenção nos próximos meses, e a situação da cesta básica pode ser diferente em agosto.

*Deborah Magagna é economista do ICL, graduada pela PUC-SP, com pós-graduação em Finanças Avançadas pelo INSPER. Especialista em investimentos e mercados de capitais

*André Campedelli é economista do ICL e professor de Economia. Doutorado pela Unicamp, mestre e graduado em Ciências Econômicas pela PUC-SP, com trabalhos focados em conjuntura macroeconômica brasileira

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