Preço da cesta básica cai pela primeira vez no ano, mas economistas alertam que ainda não há desaceleração do preço dos alimentos

No preço da cesta básica em São Paulo, apenas três itens não apresentaram aumento: o açúcar, o tomate e a banana
21 de junho de 2022

O preço da cesta básica teve queda pela primeira vez no ano, em relação ao salário mínimo, na maioria das capitais do país, segundo dados do Dieese. Em maio, a redução dos valores da cesta ocorreu em 14 das 17 capitais pesquisadas. A retração do preço do tomate foi responsável pela queda. Neste sentindo, é importante ressaltar que praticamente todos os outros itens tiveram altas no preço da cesta básica, algumas bem consideráveis. 

“A queda do preço da cesta básica pode causar a ilusão de desaceleração do preço dos alimentos, mas ainda é cedo para esta afirmação. Isso porque a queda no valor total do preço da cesta básica foi decorrente apenas do recuo do tomate”, explicam os economistas do ICL Economia, André Campedelli e Deborah Magagna.

Diante do recuo do preço do tomate, em São Paulo, o preço da cesta básica passou dos R$ 800,00 para R$ 777,93, uma queda de 3,24% em seu valor. No Rio de Janeiro, a queda do preço da cesta básica foi de 5,84%; em Brasília, de 6,1%; em Campo Grande, de 7,3% e Belo Horizonte, de 5,8%. Apenas três cidades apresentaram elevação no preço da cesta, foram elas: Belém, com alta de 2,99%; Recife, de 2,26%; e Salvador, de 0,53%.

Quando observada a cesta básica em São Paulo, nota-se que somente três itens não apresentaram aumento: o açúcar, o tomate e a banana. A queda do tomate, no entanto, foi tão expressiva que garantiu a baixa do preço da cesta básica como um todo. Enquanto o açúcar não apresentou variação e a banana teve queda de 2,63%, o tomate apresentou recuo de 29%.

Batata, leite, óleo, feijão, arroz, café, pão francês são alguns itens que tiveram aumento em maio e interferiram no preço da cesta básica

preço da cesta básica

Crédito: Agência Brasil / Tânia Rego

Porém, um fato importante a ser ressaltado é que os demais itens medidos na cesta básica apresentaram alta. Como nos casos da batata, com alta de 1,87%, do leite com aumento de 2,07%, do óleo de soja de 2,94%, do feijão de 4,13%, da farinha de trigo de 5,58%, do arroz de 0,75%, do café de 0,37%, do pão francês de 2,58%, da carne de 0,94% e da manteiga de 1,9%.

Nos cinco primeiros meses deste ano, a cesta básica em Campo Grande acumula alta de 13,5%, São Paulo de 12,66%, Aracaju de 14,7%, Fortaleza de 12,88%, Belo Horizonte 12,96% e Porto Alegre 12,5%. As altas menos contundentes aparecem em Curitiba, com aumento de 5,4%, Goiânia de 7,9%, Belém de 8,5% e Rio de Janeiro de 8,6%.

No acumulado em 12 meses, o valor mais expressivo da cesta foi na cidade de Natal, com 23,9% de alta, seguido por Salvador 23,1%, Brasília de 22,8%, São Paulo de 22,2% e Fortaleza de 21,8%. Os valores tiveram queda em maio, mas continuam bastante elevados.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em maio de 2022, 59,39% do rendimento para adquirir os produtos da cesta, menos do que em abril, quando o percentual foi de 61%. Em maio de 2021, quando o salário mínimo era de R$ 1.100,00, o percentual ficou em 54,84%.

Diante da situação de queda no preço da cesta básica, junto à baixa inflação registrada em maio, o salário mínimo necessário calculado pelo Dieese teve sua primeira queda neste ano. O montante que era de R$ 6.754,33 em abril passou a ser de R$ 6.535,40. A última queda para a medida havia ocorrido entre novembro e dezembro de 2021, momento em que também ocorreu queda considerável da inflação mensal, principalmente pela falta de reajustes dos combustíveis e baixa pressão dos alimentos, que são itens que impactam diretamente no cálculo do índice.

Redação ICL Economia
Com informações do site do Dieese e do Boletim “Economia Para Todos Investidor Mestre”

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