O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, chamou de “pornográficas” as taxas de juros no Brasil. Em discurso na segunda-feira (20), no Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ele disse que os atuais valores são inconcebíveis e precisam ser reduzidos. Segundo ele, altas taxas de juros prejudicam os investimentos da indústria brasileira. O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, se reúne a partir desta terça-feira (21), para definir a nova taxa Selic.
“É inconcebível a atual taxa de juros no Brasil. Muitos querem associá-la a um problema fiscal. A tese é que há um abismo fiscal. Abismo fiscal num país que tem 73% do PIB de dívida bruta. Tirando as reservas [cambiais] são mais ou menos 54% de dívida. Tirando o caixa do Tesouro Nacional, são menos de 45% do PIB de dívida líquida, num país com a riqueza do Brasil. Então esta não é uma boa explicação para as pornográficas taxas de juros que praticamos no Brasil”, disse o presidente da Fiesp.
Também durante discurso no evento do BNDES, o economista e Prêmio Nobel Joseph Stiglitz afirmou que os juros altos não combatem as causas atuais da inflação no mundo e que taxa no nível de 13,75% ou de 8%, em termos reais, é capaz de “matar” uma economia como a brasileira.
Se as taxas de juros não baixarem, de nada adiantará fazer política industrial, diz o presidente da Fiesp
Ainda, segundo Josué Gomes da Silva, se as taxas de juros não baixarem, de nada adiantará fazer política industrial. “Porque as principais políticas industriais, aquelas que são mais horizontais e, portanto, atingem o conjunto da economia, são justamente uma taxa de juros compatível e, obviamente, uma reforma tributária que crie isonomia entre os setores”, afirmou.
No mesmo evento, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, também criticou o valor da taxa básica de juros, a Selic, que está em 13,75% desde agosto do ano passado.
“Não há nada que justifique ter 8% de taxa de juros real, acima da inflação, quando não há demanda explodindo e, de outro lado, no mundo inteiro, há praticamente juros negativos. Nós acreditamos no bom senso e que a gente vá, com a nova ancoragem fiscal, superar essa dificuldade”, disse.
O segundo dia do seminário “Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI”, realizado pelo BNDES, para promover debate sobre questões como políticas públicas para superação de crise no mundo, acontece hoje, 21 de março, com transmissão, ao vivo, no Youtube.
Redação ICL Economia
Com informações da Agência Brasil